Título: Palocci corre para se defender
Autor: Hugo Marques, Kelly Oliveira e Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 16/11/2005, País, p. A3

Ministro da Fazenda decide antecipar para a tarde de hoje depoimento no Senado, com o objetivo de rebater logo as acusações

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, antecipou para hoje, às 15h, seu depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), que estava marcado para a próxima terça-feira. A idéia partiu do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) e o principal objetivo é mostrar que Palocci não teme as investigações. Quando surgiram denúncias de um propina mensal em Ribeirão Preto, no tempo em que era prefeito, o ministro teve êxito quando resolveu responder prontamente às acusações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ontem aos auxiliares que vai lutar até o fim para manter Palocci no comando do Ministério da Fazenda. O presidente vem tentando, sem sucesso, unificar a linguagem entre os principais auxiliares.

Mercadante conduziu pessoalmente as negociações para antecipar o depoimento de Palocci. A estratégia foi discutida com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado do governo no Congresso. Palocci chegou a Brasília ontem e logo começou a se preparar para o depoimento.

No Palácio do Planalto, durante reunião de hoje da coordenação política, Lula vai reforçar seu desejo para que Palocci fique no governo. Os maiores críticos da política econômica, o vice-presidente José Alencar e a ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, vão participar da reunião.

Quem também estará presente na reunião da coordenação política é o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Além de ajudar a redigir os discursos de Lula, o ministro da Justiça tornou-se conselheiro e principal apagador de incêndios do governo. Bastos é uma das pessoas encarregadas de manter um diálogo cada vez mais difícil com a oposição.

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, é outro convocado para participar da reunião de hoje. Ciro tem sido apontado como um dos possíveis sucessores de Palocci.

Após a reunião da coordenação política, Lula terá encontro a portas fechadas com Antonio Palocci. Além de demonstrar novamente seu apoio ao ministro, o presidente quer discutir eventuais vetos à medida provisória 255, a ''MP do Bem'', que prevê desoneração sobre novos investimentos.

O destino de Palocci à frente da economia dependerá muito do resultado do depoimento de hoje à CAE e posteriormente da performance do ministro nas CPIs, especialmente a dos Bingos. Há semanas os parlamentares de oposição estão tentando fechar o cerco ao ministro, chamando para depor ex-auxiliares e assessores do período em que Palocci foi prefeito de Ribeirão Preto.

Alguns parlamentares de oposição não pretendem usar a visita de Palocci hoje para aprofundar as perguntas ao ministro sobre temas que correm nas CPIs. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou que Palocci deve ser convocado pelas CPIs dos Bingos e dos Correios para falar sobre os negócios que estão sendo questionados em Ribeirão Preto e os que envolvem a multinacional Gtech, a Casa da Moeda e o Banco do Brasil.

- Não tem mais como ele não ir à CPI - acentua Bornhausen.

O líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), defende a tese de que o ministro Palocci precisa prestar depoimento às três CPIs para ''dar um basta'' nas suspeitas que o envolvem. Os petistas reclamam que a oposição tem usado até o recurso de tirar presos da cadeia para tentar incriminar o PT, e cita como exemplos o doleiro Toninho da Barcelona e o juiz Rocha Mattos, detidos pela Polícia Federal na gestão Lula.

- Não há mais uma relação de cordialidade. Há uma relação de espetáculo, sensacionalismo e destruição. É esse jogo que está vigorando - reclama Tião Viana.

Quem vai inquirir o ministro

César Borges (PFL)

Edison Lobão (PFL)

Gilberto Goellner (PFL)

Jorge Bornhausen (PFL)

Rodolpho Tourinho (PFL)

Romeu Tuma (PFL) (vice-presidente)

Eduardo Azeredo (PSDB)

Lúcia Vânia (PSDB)

Sérgio Guerra (PSDB)

Tasso Jereissati (PSDB)

Ramez Tebet (PMDB)

Luiz Otavio (PMDB) (presidente)

Garibaldi Alves Filho (PMDB)

Mão Santa (PMDB)

Sérgio Cabral (PMDB)

Gilberto Mestrinho (PMDB)

Valdir Raupp (PMDB)

José Maranhão (PMDB)

Aloizio Mercadante (PT)

Ana Júlia Carepa (PT)

Delcídio Amaral (PT)

Eduardo Suplicy (PT)

Fernando Bezerra (PTB)

João Capiberibe (PSB)

Patrícia Saboya (PSB)

Osmar Dias (PDT)