Título: Relator insiste na tese do caixa 2
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/11/2005, País, p. A6
BRASÍLIA - O relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), deverá afirmar que não encontrou indícios que provem a existência do ''mensalão'', mas que parlamentares acusados de envolvimento em irregularidades utilizaram o caixa dois para financiar parte de suas campanhas ou pagar dívidas eleitorais. Abi-Ackel deverá apresentar o relatório em reunião administrativa marcada para hoje de amanhã. No documento, o relator irá afirmar que houve repasses ilícitos, mas não periódicos, e que por isso não é possível provar que houve o pagamento de mesada a parlamentares da base em troca de apoio político.
A CPI foi criada para funcionar 120 dias e o prazo termina à meia-noite de hoje. Abi-Ackel apresentará um relatório feito à pressas para evitar que a CPI fique sem conclusão.
O presidente da comissão, Amir Lando (PMDB-RO), disse ter conseguido as 27 assinaturas necessárias no Senado para pedir a prorrogação dos trabalhos. Mas ainda faltava convencer mais de 150 deputados a endossar o pedido. Sem as rubircas, a CPI será extinta a partir de amanhã.
As lideranças de PFL e PSDB convocaram seus parlamentares para estarem em Brasília hoje e assinarem o pedido de prorrogação. Mas além de enfrentar a pressão do governo, que preferia a CPI extinta, houve a dificuldade de mobilizar deputados em uma semana de feriado.
A oposição queria a prorrogação da CPI até abril. O governo diz que aceita mais 30 dias, mas na prática quer o fim imediato.
- Essa CPI já cumpriu um papel e agora perdeu o foco - disse o senador Sibá Machado (PT-AC).
A CPI do Mensalão, chamada de CPI da Compra de Votos foi criada pela base aliada para tentar retirar o foco da CPI dos Correios, já que tinha como meta investigar a compra de votos para a emenda que instituiu a reeleição na gestão de Fernando Henrique Cardoso. (F.P)