Título: AmBev eleva encomenda de guaraná
Autor: Chiara Quintão
Fonte: Jornal do Brasil, 16/11/2005, Economia & Negócios, p. A19

Companhia comprará volume 46% maior de sementes da planta, matéria-prima de seu principal refrigerante

MAUÉS, AM - A Companhia Brasileira de Bebidas (AmBev) pretende comprar 220 toneladas de semente torrada de guaraná no município de Maués (AM) este ano. O volume é 46% maior que as 150 toneladas adquiridas em 2004. De Maués, vem toda a matéria-prima utilizada na fabricação de extrato de guaraná da AmBev.

A empresa vai elevar as compras em razão do aumento do consumo, mas, como companhia de capital aberto, não detalha os números. Embora a demanda do mercado interno seja o motor do consumo de guaraná, acredita-se que parte do aumento da produção possa ser creditada à exportação. A AmBev tem feito de maneira tímida a divulgação do guaraná Antarctica em pontos estratégicos no exterior, como o Metrô de Londres.

O aumento se deve à necessidade de reposição de estoques, por conta do crescimento de 20% da produção anual de extrato de guaraná, para volume próximo de 140 mil litros. A colheita da safra 2005/06 de guaraná começou há um mês na região e segue até janeiro.

Todo o guaraná da AmBev - nas marcas Antarctica, Zon e Baré - é fabricado a partir de concentrado produzido na fábrica de Manaus. Esse concentrado é obtido do extrato de guaraná originário da unidade de Maués, tendo como matéria-prima as sementes torradas.

Outro motivo para o aumento da demanda é que os estoques da empresa estão baixos. A AmBev prefere trabalhar com estoques de uma safra. A reserva estratégica, que deveria ser consumida somente a partir de janeiro, já começou a ser processada neste ano, em razão do aumento da produção do extrato.

Segundo o gerente da fábrica, Carlos Eduardo Cavalcanti Vieira, o aumento da compra visa evitar que essa defasagem se estenda nos próximos anos.

A AmBev garante a compra de semente torrada de guaraná aos quase 3 mil produtores cadastrados no Projeto Maués por meio da prefeitura do município.

Desde o ano passado, a empresa paga R$ 8,16 por quilo de semente, 44% a mais que o preço mínimo estabelecido para o grão torrado de primeira qualidade pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Descontados os impostos, os produtores recebem R$ 7 por quilo.

- Gostaríamos que o preço fosse de pelo menos R$ 10 por quilo, valor equivalente à diária de um trabalhador da região - diz o produtor Francisco do Nascimento, que fornece à AmBev há três anos.

- Não ficamos no prejuízo, mas o lucro podia ser maior - conta o produtor José Rodrigues Vieira.

A Agência de Agronegócios do Estado do Amazonas prevê que Maués vai colher 250 toneladas de semente de guaraná nesta safra. Segundo o diretor presidente da Agroamazon, Valdelino Cavalcante, 75% da produção destina-se à AmBev e o restante, à produção de guaraná em pó ou ao artesanato.

*A jornalista viajou a convite da