Título: Sony ignora crise e investe no Brasil
Autor: Juan Velásquez
Fonte: Jornal do Brasil, 16/11/2005, Economia & Negócios, p. A19

Principal aposta da empresa é TV de tela gigante

MANAUS - A Sony Brasil concluirá o ano com investimentos de US$ 8,7 milhões. A cifra supera a média aplicada pela empresa no país, entre US$ 7 milhões e US$ 8 milhões ao ano. O grupo japonês tem obtido desempenho acima da média no Brasil, num momento em que anuncia fechamento de fábricas e demissões no exterior. O faturamento da unidade brasileira cresceu 40% em 2004, para R$ 1,17 bilhão, e a expectativa é de mais 15% ou 20% de alta este ano, segundo o diretor-presidente da Sony Brasil, Minoru Itaya.

Os investimentos de 2005 são destinados principalmente a máquinas de injeção de componentes para atender cinco linhas de produção: TV de projeção, TV de tubo, DVD, som automotivo e filmadoras. A Sony possui ainda, na Zona Franca de Manaus, a produção de máquinas fotográficas digitais e de aparelhos portáteis. Um dos resultados desses investimentos é a linha Grand Wega, de TVs de 52 polegadas que a empresa lançou na semana passada e que utiliza um sistema de retroprojeção para dar maior definição à imagem.

A Grand Wega é a aposta da Sony no mercado de tela grande como alternativa ao plasma. Para produzir a Grand Wega no Brasil, a Sony investiu US$ 500 mil. Foi necessário separar a linha de produção do resto da fábrica, devido às dimensões da tela. O primeiro lote do novo produto teve 150 unidades.

- É apenas o começo. Temos uma capacidade bem maior que poderemos utilizar no decorrer do próximo ano - disse o gerente de comunicação, Marcus Trugilho.

A Sony pretende vender 1,7 milhão de produtos este ano, contra 1,5 milhão de 2004. A empresa pretende chegar a 80 lançamentos. A Grand Wega, aposta da Sony para concorrer com aparelhos que usam o plasma, tem hoje a liderança de vendas no mercado americano. A TV utiliza um retroprojetor, na forma de um mini-display, para fazer a luz chegar à tela, enquanto as concorrentes no Brasil utilizam o plasma como condutor. Segundo Itaya, esta é a tecnologia na qual a Sony possui maior expertise.

O executivo acrescenta que a decisão de apostar neste nicho no Brasil se baseia também no crescimento de vendas na América do Norte.

- Lá as TVs com mini-displays têm hoje 30% do mercado e já são as líderes - disse.

A gigante japonesa, entretanto, enfrenta uma reestruturação financeira. Em setembro anunciou a demissão de 10 mil empregados e o fechamento de 11 fábricas, antes de março de 2008, devido ao prejuízo que será superior a US$ 90 milhões no ano fiscal. A greve dos fiscais federais agropecuários preocupa a Sony e, caso se arraste durante mais uma semana, poderá paralisar a produção na Zona Franca.

- Infelizmente não há o que fazer ou medidas a tomar. Se não há entrega de componentes, é preciso parar tudo - disse Itaya.

Os fiscais vistoriam os estrados de madeira usados no transporte de cargas. O objetivo é evitar que a madeira carregue hospedeiros de doenças.

*O repórter viajou a convite da Sony