Título: PSDB prega união interna em 2006
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Fonte: Jornal do Brasil, 19/11/2005, País, p. A4

O PSDB aprendeu grandes lições com a derrota na corrida presidencial em 2002. Uma delas é que não adianta entrar na disputa dividido. Outra é que depois de Fernando Henrique Cardoso não sobraram lideranças de peso entre os tucanos capazes de, sozinhos, fazer frente ao ainda sonoro nome de Luiz Inácio Lula da Silva em uma campanha para a presidência.

A convenção nacional da legenda, além de dar o primeiro passo para a campanha eleitoral de 2006, colocou em prática esse aprendizado. O PSDB se esforçou ao máximo para passar a idéia de unidade partidária que lhe faltou em 2002, quando Tasso Jereissati e José Serra racharam o partido disputando quem assumiria a candidatura ao Planalto. Manteve também unificado o discurso de que seja quem for o tucano que concorrerá à Presidência em 2006, ele não o fará como um ''líder messiânico'' baseado na força de seu nome. Mas sim no legado da sigla.

- Candidato do PSDB a presidente não pode ter a arrogância de querer vencer sozinho. Tem que vencer com os outros partidos, mas principalmente com o povo - sintetizou FH.

De quebra, Jereissati assume o comando do partido dando um tom de ''choque de gestão'' ao cargo. Uma das primeiras medidas anunciadas é a contratação de uma auditoria independente para passar um pente fino nas contas da sigla. A intenção é prevenir ao máximo que o tucanato seja alvo de problemas semelhantes aos que hoje atingem o ex-presidente da legenda, senador Eduardo Azeredo (MG), acusado de ser o precursor do valerioduto já em 1998.

O passado do PSDB nos oito anos do governo Fernando Henrique não deixa de ser uma sombra para a legenda. A candidatura de FH para um novo mandato é descartada ''para não levar a discussão eleitoral para o passado, e sim para o futuro'', como ponderou o ex-ministro tucano da Educação Paulo Renato.

Mas esse passado também tem seu lado de legado positivo, sobretudo na condução da economia, citada com freqüência pelos tucanos para vender a idéia de que os pontos positivos da administração de Lula são fundamentados em conquistas de FH. As declarações dos presidenciáveis tucanos refletiram o clima de cautela do partido em não apontar um favorito para 2006. Mas nem por isso deixaram de ter um quê de campanha pessoal.

- A escolha é só no ano que vem, mas sou muito sincero: vou ficar muito honrado se eu tiver a opção de trabalhar pelo Brasil - disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Mais fraco nas pesquisas de opinião, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, disse que todos os candidatos do PSDB têm potencial de crescimento até 2006. Já o pré-candidato de melhor performance nas pesquisas, o prefeito de São Paulo, José Serra, deixou para o palanque da convenção uma discreta investida no marketing pessoal. Criticou a gestão do presidente Lula e elogiou os feitos do governo FH.