Título: Tucanos se reúnem e abrem fogo contra governo Lula
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 19/11/2005, País, p. A4

Os tucanos aproveitaram a convenção do PSDB realizada ontem para ampliar a artilharia contra o governo Lula. O clima de eleição foi reforçado pelo ato falho cometido pelo presidente ao admitir pela primeira vez que será candidato em 2006.

A presença de pefelistas e de integrantes do PPS na reunião deu o tom das alianças na disputa do ano que vem. Com pelo menos três pré-candidatos à Presidência, a definição do concorrente tucano só sai no início de 2006, garantem os líderes do partido.

A convenção serviu para oficializar o senador Tasso Jereissati na presidência do partido. O cearense, que assume a vaga pela segunda vez, substituiu o senador Eduardo Azeredo (MG), que vinha ocupando a vaga interinamente no lugar de José Serra e se afastou após denúncias de envolvimento no valerioduto. O prefeito de São Paulo, que estava licenciado, havia retomado o posto.

Após discurso em que apontou os escândalos de corrupção do governo e do PT e propôs maior controle das finanças dos partidos, Tasso minimizou a antecipação do anúncio da candidatura Lula.

- Ele está em campanha constantemente, não tem feito outra coisa. O que ele falta é administrar - afirmou Tasso, em coro com outros tucanos.

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso desafiou Lula.

- É importante que Lula seja candidato. Queremos vencê-lo, como já o venci por duas vezes por maioria absoluta - provocou, referindo-se a 1994 e 1998. Lula, no entanto, venceu José Serra em 2002.

No meio do evento, FH teve que se ausentar do palanque por cerca de meia hora. Suando muito, com a camisa molhada, ele ficou nos bastidores e teve, segundo sua assessoria, uma queda de pressão. Depois, ao discursar, ele não demonstrava cansaço e foi o mais aplaudido pela militância.

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, continuou o ataque:

- A um ano da eleição acho que ele deveria estar se preservando para administrar mais. Precisamos de mais trabalho e menos campanha - disse.

Depois de afirmar pelo menos cinco vezes que ainda não se decidiu sobre sua reeleição, Lula acabou dizendo que irá ''sim disputar as eleições''.

Em suas negativas iniciais, Lula chegou a citar o mesmo argumento mencionado por Áecio, dizendo estar ''convencido de que o presidente da República não tem que fazer campanha eleitoral antes de começar a campanha''.

Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um dos presidenciáveis do PSDB, a postura do presidente Lula é ''natural'', mas avaliou que a perda de credibilidade do governo petista, provocada pela crise do ''mensalão'', vai dificultar a candidatura:

- Como é que o PT vai ganhar a eleição, se o governo perdeu a confiança do povo?

A convenção também mostrou o discurso que o PSDB deve adotar na disputa do ano que vem. Será o apelo da diferença, mesma tática praticada pelos candidatos petistas na últimas disputas.

A legenda quer rebater a postura adotada por lideranças petistas e pelo próprio presidente Lula de que o PT, ao assumir o caixa dois, agiu como os demais partidos brasileiros.

- Não aceitamos a semelhança. O PT, além de querer dividir o fardo conosco, propõe a banalização do mal - disse Serra, outro presidenciável.

Fernando Henrique cobrou punição aos acusados de práticas irregulares no escândalo do mensalão.

- Todos fazem não, diga quem fez e ponha na cadeia.

Alckmin arrematou:

- É tempo de honestidade, é tempo de PSDB.

Os expoentes do PFL e do PPS compareceram à convenção e ficaram no palco junto dos tucanos, sem falar, mas sendo citados nos discursos.

Com agências