Título: Em defesa frágil, Brant nega caixa dois em campanha
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 22/11/2005, País, p. A2

O deputado Roberto Brant (PFL-MG) apelou para seu prestígio político dentro na Câmara e para a exposição que sofreu durante a votação da Reforma da Previdência em 2003 - quando bateu de frente com a orientação de seu partido e votou com o governo, a favor da reforma - a fim de sensibilizar os colegas da oposição e da base governista na tentativa de preservar o seu mandato. O deputado mineiro é acusado de utilizar dinheiro da conta da agência SMPB, de Marcos Valério Fernandes de Souza, em sua campanha à prefeitura de Belo Horizonte, em 2004.

Ontem, durante depoimento no Conselho de Ética, Brant negou ter recebido recursos de caixa dois para sua campanha. Segundo o deputado, os R$ 102 mil sacados por seu coordenador político, Nestor Francisco de Oliveira, eram um repasse da siderúrgica Usiminas para a campanha.

Como estava muito atrás nas pesquisas, com apenas 4% das intenções de votos, ele decidiu usar o dinheiro, um mês e meio depois de retirado, para pagar dívidas do PFL mineiro com a produtora Planeta Político, relativas à programa de televisão exibido em maio daquele de 2004. Por isso, argumenta, o dinheiro não aparece na declaração de contas na Justiça Eleitoral. No entanto, Brant não soube explicar porque a doação também não consta nas contas do PFL mineiro. Para o relator do processo no Conselho, deputado Nelson Trad (PMDB-MS), este é o prinhcipal nó na defesa do deputado.

- Ele sustenta que não cometeu crime eleitoral mas escorrega na lei partidária - afirmou Trad.

O parlamentar pretende convidar o presidente da Usiminas, Reinaldo Soares Campos, e um dos sócios da SMPB, Cristiano Paz, responsável pelos contatos com Brant, para depor no Conselho .

Outra fragilidade da defesa - elaborada pelo próprio parlamentar - é que na nota emitida pela produtora de televisão consta a prestação de ''serviços de campanha''. Brant afirma que não entrou em detalhes com a produtora, e apenas lhe interessava no momento ter um recibo para não receber uma nova cobrança pela fatura. O pefelista disse ainda que a siderúrgica Usiminas fez doações para outros dois candidatos à prefeitura de Belo Horizonte: João Leite (PSDB), a quem teria repassado R$ 300 mil, e Fernando Pimentel (PT), reeleito, com R$ 400 mil.

Enquanto se defendia das acusações para os colegas em sessão do conselho, onde recebeu deliberado apoio do líder do PFL na casa, Rodrigo Maia (RJ), o ex-ministro da Previdência de FH reafirmou que não concorrerá a nenhum cargo político nas próximas eleições, por estar com sua ''sensibilidade ferida'' ao responder a processo por quebra de decoro.