Título: HIV: Brasil tem 600 mil portadores do vírus
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 22/11/2005, País, p. A6
O número de infectados pelo vírus da Aids cresceu para 1,8 milhão na América Latina, segundo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids (Unaids) divulgado ontem. Cerca 66 mil morreram por causa doença na região e 200 mil novos casos foram registrados. O Brasil, devido ao grande número de habitantes, responde pela terça parte do total, 600 mil de casos, na América Latina. No mundo, são 40,3 milhões de pessoas contaminadas. O diretor do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na América Latina e Caribe, Nils Kastberg, afirmou que o crescimento dos casos é um sinal de alerta para o mundo, que precisa investir mais em prevenção. Outra má notícia é que o número de mulheres infectadas está crescendo e a doença atinge cada vez mais as jovens. Em 2003, o número de mulheres que viviam com o vírus era de 510 milhões e neste ano chegou a 580 milhões.
No Brasil, segundo a pesquisa, o aumento da doença entre os jovens é devido a mudança de comportamento, como por exemplo, a iniciação sexual precoce. Além disso, há pouco conhecimento sobre a doença. Somente 62% dos jovens, com idade entre 15 e 24 anos, souberam responder como é transmitido o HIV.
Segundo o diretor do Programa Nacional do DST/Aids, Pedro Chequer, esse resultado ocorreu, porque as respostas eram espontâneas. No caso da apresentação de opções, 91% dos jovens tinham conhecimento sobre a forma de transmissão do virus.
Chequer aproveitou para criticar o programa de prevenção da doença oferecido pelos Estados Unidos (EUA) a países pobres, o que não inclui o Brasil. Segundo ele, 45% dos recursos liberados pelo programa ao Haiti e 50% para a Guiana são destinados ao estímulo à abstinência sexual. Ao todo o programa conta com US$ 15 bilhões para serem usados durante cinco anos.
¿ A abstinência não funcionou bem nem mesmo para o clero católico. Não podemos impor esse proposta anti-cientista, teológica e fundamentalista ¿ criticou.
Chequer informou que, para isolar essa ¿linha¿ de controle da Aids, será realizada pelo Brasil uma reunião com representantes de vários países, inclusive os EUA, em janeiro de 2006 para discutir métodos de prevenção da doença.
¿ Nossa linha mestra é o preservativo e o tratamento com custo acessível ¿ afirmou.
Na opinião de Chequer, o Brasil precisa desenvolver política sustentável e produzir a matéria-prima dos medicamentos para que haja redução do custo dos medicamentos. Atualmente o País tem condições de fabricar 70% do coquetel de medicamentos, mas esbarra em questões ligadas à quebra de patentes.
O diretor acrescentou que o programa de combate à Aids tem sido preservado do contingenciamento de recursos feito pela área econômica do governo brasileiro. Este ano, estavam previstos gastos de R$ 550 milhões, mas com remanejamento de recursos o valor passou para R$ 1 bilhão, aproximadamente a mesma cifra proposta para a lei orçamentária de 2006.