Título: Meirelles: não há mágicas, só trabalho
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/11/2005, Economia & Negócios, p. A17

Em um momento em que a política econômica sofre duras críticas e ganha poderosos adversários dentro do próprio governo, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, saiu ontem em defesa da condução da economia e criticou: ¿Não há soluções mágicas¿. Ele evitou, entretanto, fazer referência direta aos dois lados que brigam neste terreno: o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. ¿ O Brasil precisa do trabalho do dia-a-dia, eficaz, duro e sério. Isso é o que vai fazer o país chegar ao primeiro mundo e não soluções mágicas ¿ afirmou Meirelles, durante seminário da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) em São Paulo.

Meirelles enfatizou que o crescimento depende da estabilidade econômica e, além disso, de um controle extremado dos gastos públicos.

¿ É necessário estabilidade econômica, inflação que convirja para as metas e um superávit primário suficiente que permita que a relação dívida pública/PIB seja decrescente. Não há exemplo de país que cresça na instabilidade e com a inflação fora de controle ¿ disse Meirelles, fazendo em seguida uma defesa do respeito às instituições e das regras ¿para termos o país que sonhamos¿. Meirelles repetiu inúmeras vezes que o Brasil precisa buscar o trabalho como solução dos problemas:

¿ Nenhum dos países vencedores buscou caminhos fáceis. Buscaram melhores resultados não só a curto prazo, mas a médio e longo prazos ¿ disparou. Meirelles evitou falar da taxa de juros, na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mas admitiu que o atual patamar da Selic ainda é um empecilho para o crescimento do país.

¿ Ainda restam desafios à política econômica, como os juros altos, problemas na infra-estrutura e a carga tributária ¿ disse.