Título: Discurso já como candidato
Autor: Rodrigo Camarão
Fonte: Jornal do Brasil, 13/11/2005, País, p. A8
Dos 13 secretários-candidatos, quatro disputam o mandato de deputado federal. Há ainda a hipótese, que não pode ser descartada: Anthony Garotinho pode não ganhar as prévias do PMDB marcadas para o dia 5 de março e não se candidatar a presidente. Com isso, ele entraria na conta dos concorrentes a deputado federal, como um puxador de legenda que poderia aumentar a bancada peemedebista fluminense no Congresso.
Os outros nove secretários disputam cadeira na Assembléia Legislativa, a maioria pelo PMDB.
Entre os titulares das pastas, a maior parte já fala como candidato.
- Ainda não tratei da minha sucessão com a governadora. Mas não acho que a saída no fim do ano afete muita coisa. Ela está antecipando em três meses a saída, já que a lei eleitoral impõe a desincompatibilização no início de abril - afirma Luiz Rogério Magalhães, deputado federal eleito e atual secretário de Integração Governamental.
Luiz Rogério, entretando, acredita que possa haver alguma queda de produtividade com a mudança.
- Você deixa de ter o time titular no governo - admite o secretário.
- Para o candidato é até bom. Dá para se dedicar mais à campanha.
O elogio também parte do titular da recém-criada secretaria da Família e da Assistência Social, Fernando William, que comanda programas como o Restaurante Popular e o Cheque-Cidadão.
- A idéia de sair antes é boa. Dá tempo de organizar a campanha e não misturar a posição de representante do governo com a de candidato, além de evitar eventuais disputas de espaço interno e uso da máquina governamental - prevê William, pré-candidato a deputado federal pelo PMN, partido aliado do governo.
O advogado e secretário de Justiça Hugo Leal, pré-candidato a deputado federal pelo PSC, acredita que o prazo para a saída de 31 de dezembro visa a rearrumar a correlação de forças entre os partidos aliados no governo.
-Do ponto de vista legal, não tem necessidade nenhuma. A questão é mais de acomodação política - diz Hugo.
Há até o o caso do secretário que diz não saber da determinação, tantas vezes reforçada, de desligamento do governo em dezembro.
- Essa hipótese foi aventada, mas não ouvi a governadora falando isso não. Ainda não tenho confirmação de que preciso sair, mas deixar ou não o governo é indiferente. O que for determinado, cumpro - afirma o secretário de Agricultura e Desenvolvimento do Interior, Christino Áureo, que pretende disputar uma cadeira na Alerj pelo PMN, partido nanico aliado ao governo.