Título: Corrêa desmente Valério
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2005, País, p. A5

O presidente nacional do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), negou ontem que seu partido tenha recebido R$ 4,1 milhões da agência de publicidade SMPB, como afirma Marcos Valério Fernandes de Souza. Durante depoimento no Conselho de Ética, o parlamentar confirmou aos colegas apenas o recebimento de R$ 700 mil doados pelo PT para bancar a defesa do deputado Ronivon Santiago (PP-AC). O acreano é alvo de 36 processos por compra de votos em seu estado. Corrêa disse ainda que não sabia a origem do dinheiro, e que a transação foi articulada pelo deputado José Janene (PR).

- Essa lista do Marcos Valério é uma furada, ele mesmo admite isso - afirmou Corrêa.

Corrêa também depôs como testemunha no processo de cassação do mandato de Pedro Henry, apontado como distribuidor do mensalão entre os parlamentares da legenda. Mas o pernambucano acabou desmentindo o colega de bancada. Henry, então líder do PP, havia afirmado ao conselho que não sabia dos saques realizados pelo assessor da liderança da sigla, João Cláudio Genu. Segundo Pedro Corrêa, todos os parlamentares sabiam do repasse.

Genu também depôs ontem no Conselho. O assessor afirmou que compareceu três vezes ao Banco Rural para sacar dinheiro, sempre que acionado pelo contador do partido Pedro Barbosa. Antes de ir ao banco, Genu relatou que confirmava a operação com Janene e com Corrêa, que autorizavam os saques. O dinheiro teria sido repassado para Barbosa nas duas primeiras retiradas - cada uma de R$ 300 mil. Na terceira, os recursos foram entregues a Valmir Crepaldi, outro funcionário do partido. Barbosa faleceu há quase um ano.

Acompanhado de três advogados durante a sessão, Pedro Corrêa entregou ao presidente do Conselho as quebras dos sigilos bancário e fiscal de suas contas e de alguns parentes.

Relator do processo de Pedro Henry, o deputado Orlando Fantazzini (PSol-SP) pretende ouvir novas testemunhas antes de concluir seu relatório. Entre elas o senador Sibá Machado (PT-AC) e os deputados federais Nilson Mourão (PT-AC) e José Janene. Internado em uma clínica onde trata de problemas coronários, Janene também enfrenta processo para cassação de seu mandato, mas sequer foi notificado. O presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), disse que nos próximos dias um funcionário da Câmara visitará Janene acompanhado de um médico da Casa, para saber se ele pode ser notificado.