Título: Estrangeiro ainda confia
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2005, Economia & Negócios, p. A17

A crise política que bate à porta do Ministério da Fazenda ainda não preocupa os investidores estrangeiros. Bancos internacionais com operações no Brasil mantêm as projeções de crescimento para este ano e seguem otimistas para 2006. As ressalvas só começam quando o assunto passa a ser o quadro eleitoral para o ano que vem.

Para Rodrigo Boulos, tesoureiro do Banif Primus Banco de Investimento, os investidores trabalham ainda com um horizonte curto, visando o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- O mercado ainda não olhou para a possibilidade de um segundo mandato de Lula sem o Palocci e com um ministro fraco no lugar. Esta é a grande questão para o ano que vem - afirma, ao lembrar que a projeção do banco português é de um crescimento de 3,5% para o Brasil este ano e de patamar semelhante em 2006.

Segundo Boulos, em caso de derrota de Lula ou da manutenção de Palocci em um segundo mandato do PT, a tendência é de um ano positivo para a economia do país.

Para o economista-chefe do ING Barings, Marco Maciel, a liquidez internacional ajuda a manter bons resultados do investimento estrangeiro no Brasil.

- Considero esta a pior crise política dos últimos dez anos e o que tem sido veiculado na imprensa poderia ter afetado mais a economia.

Aspectos como a gradativa redução dos juros também ajudam. Tanto para Maciel, quanto para Boulos, a Selic deve atingir 16% no começo do ano que vem, o que cria expectativas positivas para o ano, mesmo com a eleição.

A austeridade fiscal do governo Lula também tem ajudado a manter a estabilidade econômica.

- O mercado viu que Lula não é nenhum irresponsável. A política de Palocci só existe porque o presidente corrobora com ela - acredita Maciel.