Título: Pessimismo no ano novo
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2005, Economia & Negócios, p. A17
Em um cenário de juros elevados e real valorizado, os empresários da indústria estão menos otimistas em suas projeções de crescimento para 2006, segundo sondagem conjuntural realizada em outubro e divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ). Em outubro do ano passado, com uma política econômica menos restritiva, as previsões do empresariado industrial para 2005 foram mais favoráveis em todos os itens pesquisados pela FGV: faturamento, investimento, situação dos negócios, exportações, importações e emprego.
Decorrido um ano entre uma sondagem e outra, a taxa básica de juros da economia, a Selic, pulou de 16,25% para 19,50%, e o dólar caiu de R$ 2,8 para R$ 2,2.
- Apesar do ambiente de estabilidade, a política econômica como um todo foi responsável pelo pior resultado das expectativas - afirma o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análise Econômicas da FGV, Aloísio Campelo.
Campelo ressalva que, embora piores, as expectativas ainda apontam um crescimento moderado, já que a quantidade de empresas com expectativas positivas supera a de empresas com projeções desfavoráveis.
No ano passado, no momento da sondagem, o setor industrial operava a pleno vapor. O crescimento da indústria de transformação foi de 8,5% em 2004, mas neste ano a projeção é de 3,3%. A conjuntura pior se reflete nas expectativas para o futuro.
Das cerca de 1 mil empresas ouvidas pela FGV, 38% pretendem investir mais no ano que vem em máquinas e equipamentos. O número é menor do que os 52% registrados no ano passado.
- Os setores em que as expectativas estão menos favoráveis são os mais ligados às exportações - diz Campelo, referindo-se aos setores de borracha, mobiliário, têxtil e material de transportes. Em relação às exportações, 53% das empresas projetam acréscimo em 2006, ante 63% do ano passado.
Já as previsões sobre o faturamento são as que demonstram, de acordo com o economista Samuel Pessôa, da FGV, que, a despeito da piora em relação ao ano passado, a expectativa é ainda positiva para o ano que vem.
A parcela de empresas que projeta receita maior em 2006 é de 72%, inferior à de 83% do ano passado, mas ainda assim um número elevado.
Folhapress