Título: Bingos: trabalho no recesso
Autor: Daniel Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 28/11/2005, País, p. A3
A CPI dos Bingos também promete que não terminará sem indiciar os que ¿faltaram com a verdade¿ em depoimentos. Na lista da comissão pesam três nomes: o do ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, e dos ex-assessores do ministro da Fazenda Antônio Palocci ¿ Rogério Tadeu Buratti e Vladimir Poleto. A CPI dos Bingos ainda estuda pedir ao Ministério Público Federal, o indiciamento de alguns ¿cabeças¿ da Gtech, empresa multinacional que detém o monopólio de exploração de loterias da Caixa Econômica Federal.
A Comissão, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apelidou de CPI do Fim do Mundo, acha que até o prazo final, 25 de abril, terá tempo de investigar tudo e apresentar relatório satisfatório. O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), já garantiu que não vai reduzir o ritmo. Mesmo se o Congresso entrar em recesso, já há entendimento de que a CPI não pode parar. ¿ Quem dita os passos é o relator e os próprios fatos. Estamos trabalhando em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público, além de parlamentares que estão se deslocando para ouvir pessoas e coletar dados in loco. Nesse ritmo que estamos diria até que antes de abril poderemos apresentar um relatório final ¿ afirmou Efraim.
Segundo o senador, a CPI vai concentrar esforços nas denúncias de contratos contaminados entre Gtech e Caixa Econômica e no assassinato dos prefeitos Celso Daniel e Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, no interior de São Paulo.
Para quem sofreu com as críticas no início das investigações e com o esvaziamento, a CPI dos Bingos tende a ganhar ainda mais holofotes nesta semana. Na terça-feira, os membros votarão o requerimento que pede a convocação do ministro Antônio Palocci. O depoimento já foi negociado por telefone pelo próprio Efraim, que aguarda do ministro a definição da data.
Também prorrogada até abril, a CPI dos Correios poderá ter seu fim antecipado para fevereiro. Interessados em evitar maiores desgastes com a proximidade do período eleitoral, parlamentares da base do governo e do PSDB começaram a discutir uma possível conclusão dos trabalhos para daqui a três meses. No entanto, o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirma que não há como determinar o prazo de duração. ¿ Também não deve se estender desnecessariamente, porque aí vira palanque. Tenho medo de que fique ainda mais politizada ¿ ponderou.
A bancada do PFL pode, no entanto, ser a pedra no meio do caminho das negociações. Líder do partido na Câmara, Rodrigo Maia (RJ) avalia que a tentativa de finalizar as investigações em fevereiro significa ¿abafar o esquema de corrupção descoberto no Congresso¿. A empresa de consultoria ¿ contratada pelo Senado por cerca de R$ 5 milhões para cruzar dados ¿ começou a trabalhar agora e só deve mostrar resultados em março.