Título: Renan e Aldo pedem que Lula assuma candidatura
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/11/2005, País, p. A4

Os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-AL), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), elogiaram ontem a declaração em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu que é candidato à reeleição e lamentaram sua decisão de dizer que tudo não passou de um lapso.

Renan Calheiros comentou que a questão eleitoral ''está cada vez mais presente'' e avalia que ''do ponto de vista tático'', a admissão da candidatura seria a melhor opção para Lula.

- Se ele considerou um ato falho, paciência - disse Renan, após solenidade do Dia da Bandeira, no Congresso Nacional.

A seu lado, Aldo Rebelo concordou:

- Eu diria que, já que a disputa está tão acirrada e lançada a campanha eleitoral, talvez o melhor fosse assumir que há uma disputa e ela tem repercussão. O que não pode acontecer é essa disputa se colocar acima dos interesses da população, do Brasil - completou o deputado.

Para os dois congressistas, o lançamento de candidaturas não prejudica as votações no Legislativo, porque deixaria claro quando há interferência de interesses eleitorais nas vitórias e derrotas do governo.

- O lançamento de qualquer candidatura não dificulta o processo, ajuda a esclarecê-lo - comenta Renan.

As declarações dos presidentes das duas Casas Legislativas repercutem uma entrevista que Lula concedeu a rádios regionais no dia anterior, no Palácio do Planalto, quando o presidente disse que iria disputar a reeleição - para depois afirmar que foi ''um lapso''.

Se dependesse exclusivamente da vontade do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sairia candidato à reeleição em 2006. O presidente do partido, Ricardo Berzoini, disse que o PT ''deseja a candidatura de Lula''. Essa mesma tendência foi expressada pelo ex-presidente do PT, Tarso Genro.

- É muito improvável que o PT tenha outro candidato - afirmou Tarso.

Berzoini foi mais longe e afirmou que Lula venceria a eleição presidencial se sair candidato em 2006.

- Se dependesse do partido, não tenho dúvida que Lula seria candidato e seria presidente por mais quatro anos. Essa é a vontade de todo o PT - observou.

No entanto, ele afirmou que cabe ao presidente a decisão de disputar ou não as eleições presidenciais do próximo ano.

- É ele quem tem a prerrogativa de decidir sobre uma possível candidatura.

Segundo Berzoini, no entanto, o presidente não está preocupada com esse assunto agora.

- Ele avisou que vai tomar a sua decisão no próximo ano.

Berzoini e Tarso participam neste sábado de um seminário organizado pela Fundação Perseu Abramo, criada pelo PT, que reúniu economistas, sociólogos e advogados para discutir desenvolvimento, estabilidade e ética pública para um novo ''projeto de nação''.

Em outro tema relacionado às eleições do ano que vem, Aldo afirmou que vai colocar em votação nesta semana a proposta de emenda constitucional que prevê o fim da verticalização de coligações eleitorais.

Instituída em 2002, a verticalização define que, se partidos se aliam no plano federal, não podem compor alianças opostas em uma disputa estadual. Então, se Lula se aliar ao PDT, por exemplo, os pedetistas não podem participar de coligações adversárias aos petistas nos Estados.

Mesmo que a medida consiga os 308 votos necessários (entre 513) e depois cumpra todo o processo legislativo (já aprovada no Senado, tem que ser votada em dois turnos na Câmara) ainda deve haver contestação judicial, porque, pela lei, não podem ser feitas alterações na legislação eleitoral a menos de um ano do pleito.

Os congressistas admitem que a decisão deve ser contestada no Supremo Tribunal Federal, mas apostam em sua validade.

Renan afirmou que espera que o projeto de lei que cria a Super-Receita seja votado até o fim do ano. A Super-Receita, que unifica as estruturas de fiscalização e arrecadação dos ministérios da Fazenda e da Previdência Social, tinha sido criada por meio de uma medida provisória, mas perdeu seus efeitos anteontem.

Com Folhapress