Título: Mais três deputados no banco dos réus
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 20/11/2005, País, p. A6

Três deputados com o mandato ameaçado por envolvimento no esquema do mensalão sentarão no banco dos réus do Conselho de Ética da Câmara esta semana. O primeiro deles é o deputado Roberto Brant (PFL-MG), que, amanhã, tentará explicar um saque de R$ 102 mil da conta de Marcos Valério Fernandes de Souza, realizado em 2004 por um assessor.

Na terça-feira será a vez do presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), acusado de ser um dos distribuidores do dinheiro. Na quinta, irá ao conselho o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). A esposa dele aparece na lista de sacadores da conta de Valério, apontado como operador do mensalão.

A defesa de Roberto Brant, feita por ele mesmo, está marcada para as 15h30. Brant, que dispensou advogado, reafirmará que os R$ 102 mil retirados no Banco Rural da conta da agência de publicidade SMPB foram doação da siderúrgica Usiminas, uma das clientes da agência. O deputado reafirmará que a verba serviu para bancar o programa de televisão do PFL para a campanha à Prefeitura de Belo Horizonte em 2004. Brant, ex-ministro da Previdência de Fernando Henrique Cardoso, concorreu à prefeitura da cidade.

Pedro Corrêa está sendo acusado junto com outros três colegas do PP - o ex-líder Pedro Henry (MT), Vadão Gomes (SP) e José Janene (PR). Corrêa preside o partido, acusado, junto com o PL, de receber dinheiro para apoiar o governo. Mas nem ele nem seus assessores aparecem entre os sacadores. Esta é sua principal linha de defesa.

Assim como os outros petistas que respondem a processo por quebra de decoro, o deputado João Paulo Cunha (SP) argumentará que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares é o responsável pela não-declaração dos R$ 50 mil sacados por sua mulher da conta de Marcos Valério, para bancar a campanha petista em Osasco (SP).