Título: De soldado a aliado de Osama
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Fonte: Jornal do Brasil, 20/11/2005, Internacional, p. A9
Enquanto se tornava cada vez mais eficiente e bem sucedido no Iraque (conceito alimentado pela combinação de mortíferos atentados suicidas como os de sexta-feira e vídeos nos quais executa seus reféns), Zarqawi buscava o maior reconhecimento, pedindo a Osama Bin Laden apoio e uma outorga pública do comando no Iraque. O líder máximo da Al Qaeda concordou, nomeando-o Emir e elegendo-o seu protegido. Era um reconhecimento há muito aguardado e cobrado. Os dois se conheceram no fim dos anos 80, quando a URSS foi derrotada no Afeganistão. Zarqawi não chegou a lutar, mas recebeu de um dos líderes tribais mais sangüinários, a quem se aliou, Gulbuddin ''o engenheiro'' Hekmatyar, a incumbência de dirigir um campo de treinamento da rede para os conterrâneos jordanianos na cidade de Herat, perto da fronteira com o Irã. Ao contrário das facções argelinas, sauditas e tunisianas que também tinham acampamentos vinculados a Osama durante o regime talibã, os homens de Zarqawi se destacavam pela disciplina e rápido desenvolvimento militar. O jordaniano dividia o tempo entre o campo e viagens ao Paquistão, à Síria, ao Irã e ao curdistão iraquiano, onde estabeleceu a base para a a retirada talibã pós 11/9 ao criar o grupo Ansar al Islam, mais tarde transformado em Ansar Al Sunna. Os atentados em mesquitas xiitas na região curda de Khanaqim, há dois dias, são uma lembrança do período e dos objetivos iniciais do movimento e de Zarqawi: imitar Bin Laden no Afeganistão instalando um califado no território curdo. Nessa época, por sinal, conheceu a segunda e a terceira esposas, uma iraquiana e uma palestina de 13 anos, respectivamente. A primeira é, como ele, também de Zarqa. A capacidade de comando explica a decisão de Bin Laden, que dotou o pupilo de recrutas e ajudou a costurar o acordo entre a Al Qaeda e os baathistas afastados do poder - que Zarqawi detestava. A união teve impacto positivo em solo jordaniano. Até os atentados da semana retrasada, pesquisas mostravam que 70% da população apoiavam a guerrilha contra os EUA.