Título: Restrição no leque de investigações
Autor: Daniel Pereira e Tina Vieira
Fonte: Jornal do Brasil, 27/11/2005, País, p. A4

Depois de uma reunião fechada destinada a lavar roupa suja, a CPI dos Correios decidiu restringir o universo das investigações. A idéia é concentrar esforços em alvos que aparecem no topo da lista dos suspeitos de financiar o esquema de mensalão. O relator-adjunto da CPI, Eduardo Paes (PSDB-RJ), esteve ontem reunido com técnicos da comissão para passar ''o pente-fino'' nos documentos de quebras de sigilos de empresas, em busca de pistas sobre os financiadores privados esquema de corrupção. - Queremos chegar a alguns dos financiadores privados, e para isso temos que fechar alguns elementos. Estamos justamente tentando organizar esse trabalho - explicou.

Informações sobre empresas e contratos serão repassadas ao Ministério Público, que levará adiante a apuração de eventuais irregularidades. Além da conta da Dusseldorf no exterior e dos fundos de pensão, estão na alça de mira, por exemplo, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Paes está trabalhando na quebra de sigilo dos envolvidos no esquema da Visanet, divulgado pela CPI.

Segundo relatório parcial do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI dos Correios, o Banco do Brasil repassou R$ 10 milhões ao caixa dois do PT por meio das agências de Marcos Valério. Há ainda a suspeita de que outros R$ 19 milhões seguiram o mesmo caminho. Conforme antecipado pelo JB, também merecem atenção especial da CPI dos Correios a Usiminas e empresas controladas pelo Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, como a Telemig Celular e a Amazônia Celular. As telefônicas destinaram milhões às agências de Marcos Valério. Suspeita-se que parte dos serviços não foi prestada e o dinheiro desembolsado irrigou o mensalão.

Os parlamentares também pretendem analisar com lupa contratos fechados pelas diretorias de Marketing e Informática dos Correios. Outra frente de destaque é a sub-relatoria do IRB. A estatal deverá ser apontada como fonte de mesada para parlamentares do PTB e do PP. A pedido do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, será sugerida a quebra do monopólio estatal no mercado de resseguros como uma das soluções para as irregularidades.