Título: A cada 15 segundos, uma mulher apanha
Autor: Eveline de Assis
Fonte: Jornal do Brasil, 20/11/2005, Brasília, p. D4

Esta é a 15ª edição da campanha, criada em 1991, pelo Centro para a Liderança Global das Mulheres (Center for Women's Global Leadership). Anualmente, 130 países participam das manifestações e o lema mundial é Pela saúde das mulheres, pela saúde do mundo, basta de violência, uma alusão a quatro importantes datas: 25 de novembro, Dia Internacional da Não-Violência Contra as Mulheres; 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids; 6 de novembro, Massacre de Mulheres de Montreal (Canadá); e 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. A expressão violência contra a mulher é utilizada desde 1960 para denunciar a invisibilidade das agressões sofridas pelas mulheres. Segundo pesquisas atuais, em algum momento da vida, milhares de meninas e mulheres foram ou serão vítimas da violência de gênero. De acordo com dados da Fundação Perseu Abramo, a cada 15 segundos uma mulher é espancada pelo marido ou companheiro, no Brasil. Na América Latina e Caribe, a violência doméstica atinge entre 25% e 50% das mulheres e compromete 14,6% do Produto Interno Bruto (PIB) da região, algo em torno de 170 bilhões de dólares, de acordo com o BID. A Lei nº 10.778 de 2003, estabelece a notificação compulsória no território nacional, no caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados. A notificação tem caráter sigiloso. Sabe-se que mais de 70% dos casos de incidentes violentos são de espancamento de mulheres por seus companheiros. Pelo menos uma em cada três mulheres sofre violência física, sexual ou alguma outra forma de abuso. O agressor, geralmente, é uma pessoa íntima ou membro da família. A violência interfere no exercício dos direitos de cidadania e na qualidade de vida de mulheres. Quase metade das mulheres assassinadas são mortas pelo marido, companheiro ou namorado, atual ou ex, e quase 90% dos brasileiros acham que o agressor deveria sofrer um processo e ser encaminhado para uma reeducação. Entretanto, poucos são os casos que chegam a processo e escassas as instituições que lidam com a reeducação do agressor, conforme pesquisa do Ibope/Instituto Patrícia Galvão. - O problema atinge a todas as pessoas, independente de cor, raça, etnia, crença ou opção sexual e tem números alarmantes. Queremos que as pessoas reflitam sobre o assunto e, assim, ajudem a encorajar as mulheres brasileiras a denunciar as situações de violência, em casa, no trabalho ou nos espaços públicos - disse Marlene Libardoni, diretora executiva da Agende Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento, promotora do evento no Brasil.