Título: Um plano para os 50 anos de Brasília
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 27/11/2005, Brasília, p. D3
Com alto índice de qualidade de vida, Brasília caminha rumo aos 50 anos. Apesar dos números favoráveis à capital, são muitos os problemas do Distrito Federal. Nem tudo o que é divulgado para o Plano Piloto vale como verdade nas cidades do entorno. Para atingir objetivos específicos, o governo do DF organizou um plano de estratégia. O projeto do GDF recebeu o nome de Brasília Rumo aos 50 e tem como foco definir estratégias para que a cidade atinja a ''maturidade'' mantendo o alto nível de qualidade de vida.
- Definimos quais são os objetivos e o que vamos fazer para colocá-los em prática - explica o secretário de Planejamento, Ricardo Penna.
Apesar de ser a número 1 entre as cidades do País em qualidade de vida, Brasília incorpora diferentes realidades dentro dela. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Lago Sul, por exemplo, iguala-se ou até ultrapassa o de países desenvolvidos. O IDH do bairro nobre da cidade fica à frente de países como Noruega e Suécia. Brasília fica em 9º lugar e o Lago Norte em 11º. Planaltina ocupa o 88º lugar e Brazlândia o 90º. No ranking elaborado pela Secretaria de Planejamento, o Brasil está em 93º.
Os números mostram que, apesar da desigualdade entre as regiões administrativas do DF, essas localidades ainda estão acima da média nacional em relação à qualidade de vida. Segundo Penna, o DF é a Unidade da Federação que tem a maior desigualdade social. Mas isso não quer dizer que temos pessoas miseráveis e milionárias. Há uma disparidade grande, mas não muita miséria.
- Desigualdade de renda e social não são características do DF, mas da sociedade brasileira. É preciso trabalhar no sentido de reduzir essas desigualdades - afirma Penna.
A desigualdade, obviamente, não possibilita à população do DF usufruir da chamada qualidade de vida de Brasília. Visando uma modificação desta conjuntura, o GDF aposta no desenvolvimento de novos pólos econômicos para o DF e o entorno.
Segundo estatísticas da Secretaria de Planejamento, 65% da População Economicamente Ativa do Entorno trabalha no DF, 75% utiliza serviço médico na região e 45% usufruem das escolas. Dos empregos ofertados, 75% são no Plano Piloto, o que aumenta o fluxo de pessoas à Brasília todos os dias e transforma as cidades da periferia em dormitórios. Há, portanto, uma clara dependência da população residente na periferia em relação ao Plano Piloto.
Segundo Penna, para resolver esse problema migratório diário é preciso expandir a qualidade de vida da capital para outras regiões.
- O desenvolvimento de pólos de negócios proporcionaria uma menor pressão na área tombada e uma redução das desigualdades inter-regionais - argumenta o secretário.
O primeiro passo, segundo Penna, seria criar ofertas de emprego em regiões do entorno do DF e em áreas que atraem trabalhadores para a capital. Uma forma encontrada pelo GDF foi a criação das Áreas de Desenvolvimento do Entorno como o Pólo Seco, próximo ao Gama, e o Pró-DF.
- Isso dimimui as desigualdades dentro do Distrito Federal. Claro que além do desenvolvimento econômico é preciso dar uma amparo social a isso - completa o secretário.
Para reduzir o fluxo de pessoas que vêm a Brasília para trabalhar, o GDF defende, também, o investimento do DF em áreas de emigração desse público. Um exemplo dessa política é o investimento em cidades próximas de Brasília como em Buritis, Minas Gerais. Segundo Penna, o GDF investiu R$ 10 milhões no asfaltamento de rodovia que leva à cidade mineira para que a região, terceira maior produtora de grãos do País, possa escoar a produção para o DF, provavelmente para o Porto Seco.
- É preciso fazer com que os fluxos migratórios da Bahia, Minas e Goiás sejam reduzidos e, assim, caia o ritmo de migração para o DF. Não conseguiremos resolver o problema de qualidade de vida em Brasília se não tivermos essa visão regional - justifica Penna.