Correio Braziliense, n. 21820, 13/12/2022. Política, p. 3

Moraes avisa: radicais serão responsabilizados

Luana Patriolino
Taísa Medeiros


O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, por pouco não rouba a cena na cerimônia de diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB) pelo duro discurso que proferiu. Ele deixou claro que punirá os que tentaram tumultuar as eleições, por meio das chamadas “milícias digitais”.

 A entrada de Moraes no Plenário do TSE, para dar início à cerimônia de diplomação, por si só chamou a atenção. Foi longamente aplaudido — e de pé. Pouco depois, o ministro iniciou o pronunciamento afirmando que o evento de diplomação simboliza o encerramento de um ciclo.

“A Justiça Eleitoral tem a honra de recebê-los, no Tribunal da Democracia, para a celebração da vitória da democracia, do respeito ao Estado de Direito e da fiel observância da Constituição Federal”, disse.

O presidente do TSE chamou atenção para os insistentes ataques ao Estado Democrático de Direito e à liberdade de imprensa, e para a existência de grupos criminosos organizados na internet com a finalidade de atentar contra as instituições.

“Seguindo a cartilha autoritária e extremista daqueles que no mundo todo não respeitam a democracia e o Estado de Direito, também no Brasil grupos organizados atacaram a independência do Poder Judiciário disseminando ‘desinformação’ e discurso de ódio contra seus membros e familiares, inclusive ameaçando-os verbal e fisicamente”, observou.

Moraes classificou os envolvidos nas milícias digitais de “criminosos”. E prometeu punir com rigor os responsáveis por fake news e ataques às instituições.

“Esses extremistas, autoritários, criminosos não conhecem o Poder Judiciário brasileiro. O Poder Judiciário brasileiro com coragem, o Poder Judiciário brasileiro tem força, o Poder Judiciário tem serenidade e altivez e manteve sua independência e imparcialidade, garantindo o respeito ao Estado de Direito e realizar eleições limpas, transparentes e seguras, concretizando mais uma etapa na construção de nossa democracia”, assegurou.

O ministro disse que as redes sociais foram desvirtuadas “por extremistas, no intuito de desacreditar as notícias veiculadas pela mídia tradicional”. Destacou, ainda, a importância do trabalho do jornalismo profissional.

“Os extremistas criminosos atacam a mídia tradicional para, desacreditando-a, substituir o livre debate de ideias garantido pela liberdade de expressão e pela liberdade de imprensa por suas mentiras autoritárias e discriminatórias”, salientou.

 

Recado

As falas de Moraes foram interpretadas como um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que, em diversas ocasiões, atacou o ministro. “A Justiça Eleitoral se preparou para combater com eficácia, eficiência e celeridade os ataques antidemocráticos ao Estado de Direito e os covardes ataques e violências pessoais a seus membros e de todo o Poder Judiciário”, disse.

Moraes citou o trabalho e a preparação da Justiça Eleitoral durante o pleito. E destacou as gestões dos ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin — que o antecederam à frente do TSE.

Ele também destacou a iniciativa da Corte de criar uma comissão de transparência para atestar a confiabilidade das urnas eletrônicas — que Bolsonaro e seus seguidores tentaram desacreditar. “O Tribunal Superior Eleitoral abriu suas portas para instituições e organismos nacionais e internacionais, ampliou os mecanismos de fiscalização e confiabilidade e possibilitou amplo acesso a todas as etapas do calendário eleitoral”, disse.

E acrescentou: “Mais uma vez, como era de se esperar, ficou constatada a ausência de qualquer fraude, qualquer desvio ou mesmo qualquer problema. Jamais houve uma fraude”, completou o ministro.