Título: CPI dos Bingos aperta o cerco ao ministro da Fazenda
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/11/2005, País, p. A2
Assessor especial e empresários ligados a Antonio Palocci serão ouvidos
BRASÍLIA - A situação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pode ficar ainda mais delicada a partir desta semana, quando a CPI dos Bingos pretende ouvir Ademirson Ariovaldo Silva, assessor especial do ministro. Além disso, a comissão votará requerimentos para convocar empresários ligados a ex-assessores de Palocci e que teriam sido favorecidos com empréstimos em projetos na Angola.
O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), disse ontem que deve marcar para a próxima sexta-feira o depoimento de Ademirson.
Caso não haja tempo hábil para a intimação, o senador disse que a data mais provável é terça-feira da próxima semana.
Efraim informou também que, na sessão de amanhã, colocará em votação requerimentos de integrantes da comissão pedindo a convocação de empresários ligados a negócios em Angola.
A CPI quer também investigar se empresários angolanos doaram, por meio das casas de bingo, R$ 1 milhão para a campanha de Lula.
- Pelas apurações e depoimentos estamos vendo, por exemplo, que há uma ligação de angolanos com pessoas envolvidas no crime organizado em Santo André - afirmou Efraim. Ele estava se referindo a uma outra vertente de investigação da CPI, que é a morte do prefeito Celso Daniel, em janeiro de 2002.
Ademirson foi convocado para explicar telefonemas que recebeu entre 2003 e 2005 do economista Vladimir Poleto e do advogado Rogério Buratti, ambos ex-assessores do ministro Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP).
O celular de Ademirson também era um dos meios de falar com o ministro.
Dados referentes à quebra de sigilo telefônico em poder da CPI apontam que Ademirson trocou mais de mil telefonemas com os dois.
Buratti e Poleto também prestaram depoimento na semana passada à CPI para falar das denúncias de suposto envio de dólares de Cuba para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Poleto acabou se contradizendo na CPI, o que levou os senadores a aprovarem requerimento a ser encaminhado ao Ministério Público solicitando a prisão preventiva do economista.
Amanhã, a comissão ouvirá o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Ex-tesoureiro do PT, Okamotto afirmou ter pago um empréstimo de R$ 29,4 mil concedido pelo partido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A CPI suspeita que o dinheiro tenha saído das contas do empresário Marcos Valério, acusado de operar o ''mensalão''. Ex-tesoureiro do PT e presidente do Sebrae nega.