Correio Braziliense, n. 21800, 23/11/2022. Política, p. 3 

Alckmin e militares: “Não tem dificuldade”
 
Tainá Andrade 


Entre os quase 60 nomes de parlamentares anunciados pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ontem, para acompanhar os Grupos de Trabalho (GTs) da transição, não foram mencionadas indicações para a equipe da área de defesa. O novo governo tem sido alvo de manifestações político-partidárias de militares da ativa que contestam a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e decisões judiciais que excluíram de redes sociais perfis de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). 

De acordo com Alckmin a decisão sobre as indicações na área de defesa deve ser tomada por Lula, quando voltar a Brasília. O presidente eleito está em São Paulo, recuperando-se de uma cirurgia nas cordas vocais. “Amanhã (quarta-feira), ou, no máximo, quinta, terão os nomes para o grupo. Há um esboço”, afirmou. O vice minimizou os rumores sobre atritos entre o Ministério da Defesa e os responsáveis pela transição. 

“Não tem dificuldade, está praticamente equacionado”, informou. “Não temos tido contato direto com o ministro (da Defesa). Pela lei, esse contato tem que ser feito com a Casa Civil, ou seja, com (o ministro) Ciro Nogueira. Mas vamos ouvir todo mundo quando o GT for composto”, completou. 

Estratégia 

Os parlamentares indicados para acompanhar os 28 grupos técnicos foram sugeridos pelos 14 partidos que compõem o Conselho Político da equipe de transição. O principal critério de escolha, de acordo com Alckmin, foi o acompanhamento dos temas para os quais foram escalados. 

No entanto, algumas indicações chamaram a atenção e podem sinalizar aproximações estratégicas com o Congresso Nacional. É o caso do ex-aliado de Bolsonaro (PL) Alexandre Frota (Pros-SP), que será o único parlamentar a acompanhar o GT de Cultura. Do mesmo partido, ainda foram escolhidos Zenaide Maia (RN), que irá compor a equipe de Indústria, Comércio e Serviços, e Welton Prado (MG), que integrará a da saúde. 

Outro nome anunciado de forma individual para o trabalho na transição foi o de Leila do Vôlei, que integrará o GT de esporte. A senadora saiu do PSB e foi para o PDT, partido pelo qual concorreu ao cargo de governadora do DF. 

Também com histórico de divergências com integrantes do PT, a deputada Marília Arraes (PE) foi escalada para a equipe do Desenvolvimento Regional. Ela possui uma longa história no PT, mas neste ano concorreu ao governo do estado pelo Solidariedade, sem deixar de apoiar a candidatura de Lula para a presidência. Seu nome põe o partido, que encurtou e sofreu corte no fundo partidário por não ter superado a cláusula de barreira imposta por emenda à Constituição, em evidência nas articulações do Congresso.