Título: Comissão ouve presos do caso Celso Daniel
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/11/2005, País, p. A2

Em depoimento ontem à CPI dos Bingos, os acusados do seqüestro e morte de Celso Daniel sustentaram a tese de crime comum para o assassinato do prefeito de Santo André, ocorrido em janeiro de 2002. Na noite de ontem, até o preso Elcyd Oliveira Brito - apontado pelo Ministério Público como testemunha de crime político - endossou a versão de que Celso fora escolhido ''no estalo''. Conhecido com John, Elcyd seria o autor de uma carta endereçada ao empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, para cobrar o pagamento de R$ 1 milhão pelo assassinato do prefeito. Sombra estava ao lado do prefeito, de quem foi segurança, no momento do seqüestro.

Ontem, ouvido pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Elcyd confirmou ter enviado carta ao advogado de Sombra. Mas, para ''perplexidade'' do promotor Amaro Tomé Filho, negou que, nela, tenha ameaçado contar que o crime fora encomendado. Ele também descartou que tenha negociado o benefício da delação premiada.

O promotor supôs que estivesse intimidado pela exposição da audiência, marcada por troca de farpas entre a polícia e o Ministério Público. Um dos momentos mais tensos foi o do depoimento de José Edson da Silva, apontado como executor do prefeito.

Negando até ter participado do seqüestro, ele disse ter confessado sob tortura dos delegados Edson de Santi e Armando Costa Filho, os dois sentados à mesma mesa.

Os delegados afirmaram que esse era um ''ardil'' do acusado, e listaram dados sobre a participação do preso no seqüestro.