Correio Braziliense, n. 21801, 24/11/2022. Cidades, p. 20 

Suspeita de desvios de emendas parlamentares

Edis Henrique Peres


O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga a atuação de servidores de altos cargos do Governo do Distrito Federal, da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e da Câmara Legislativa em suposto esquema criminoso de desvio de dinheiro público, em parceria com duas empresas que prestavam serviço ao GDF: a Construteq Construções, Terraplanagens e Comércio de Equipamentos e a Meta Serviços e Projetos Ltda.  

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) começou em 2017. Ao todo, os agentes cumpriram 17 mandados judiciais de busca e apreensão na capital federal, dois em Goiânia (GO) e um em Sergipe. O inquérito está em segredo de justiça.   

O suposto esquema envolvia servidores comissionados da Câmara Legislativa e do GDF que atuavam por meio de emendas parlamentares. O grupo teria se organizado a partir de 2016, quando a Construteq e a Meta venceram uma licitação de prestação de serviços para a Novacap.   

Segundo a investigação, o esquema teria realizado um desvio milionário e, para obter a ajuda dos servidores, pagava propina e prestava benefícios aos envolvidos, de acordo com o que indica a investigação. Para ter acesso às verbas públicas, o grupo solicitava serviços de plantação ou recapeamento de asfalto. A partir daí, a demanda, era direcionada a gabinetes de parlamentares, onde os servidores, que atuavam em parceria com as empresas citadas, conduziam o atendimento do pedido. Logo depois, eles conseguiram o direcionamento de verba parlamentar. Os gabinetes da Câmara comunicavam o serviço à Novacap e pediam a execução da demanda. Como o grupo exercia influência funcional e política em diversas estruturas do governo, a operação recebeu o nome de Alta Conexão. Os citados são investigados por corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, crimes licitatórios, organização criminosa e lavagem de capital.   

Posicionamento  

A Novacap informou que está “à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos”. A empresa Meta se posicionou pela sede de Goiânia. “Não fomos intimados nem citados em nenhum julgamento. Assim que isso acontecer, prestamos os esclarecimentos”, destaca. O Correio também buscou o posicionamento da Construteq, mas a empresa não atendeu nem se posicionou até o fechamento desta edição. A reportagem visitou o endereço das duas empresas no Distrito Federal, e nenhuma das duas atuava nos locais indicados. Um dos prédios, que segundo testemunha era usado pela Construteq, estava desocupado e com placa de aluga-se.