Planalto nega operação

Correio braziliense, n. 19895, 11/11/2017. Política, p. 3

Paulo de Tarso Lyra 

O Planalto jura que não operou na movimentação de afastamento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) do comando nacional do partido. Mas também não esconde a satisfação que o gesto político do senador Aécio Neves (PSDB-MG) proporcionou. “Em agosto, o Tasso queria derrubar o presidente, estava até nomeando o novo ministério. E agora? Não se trata de uma provocação, é apenas algo de quem tem memória”, afirmou um aliado do presidente. Tasso sempre foi enxergado por Temer e pelo núcleo político palaciano como o artífice dos votos contrários ao presidente nas duas denúncias contra o presidente. Em ambas as votações, a bancada do PSDB na Câmara rachou ao meio dividida entre aqueles que defendiam o arquivamento e os que argumentavam quanto à necessidade de continuidade das investigações. Para o governo, ele também incentivou os chamados cabeças-pretas a defender a entrega imediata dos cargos para que o PSDB se afastasse de uma gestão, na avaliação dos tucanos oposicionista, “desgastado por acusações de corrupção”. Agora, na avaliação de um integrante dos “cabeças-pretas”, o menor dos problemas é saber se o PSDB fica ou não no primeiro escalão. “Na atual circunstância, no momento em que nos encontramos, se os ministros resolverem permanecer nos postos por conta de um desejo pessoal do presidente, o que nós podemos fazer? ”, indagou o aliado do Tasso. Ele reconhece, contudo, que, o gesto de Aécio Neves pode fortalecer a posição de Tasso internamente. “Aumentou a indignação com a postura dos governistas”, completou o parlamentar. Aliado do senador Aécio Neves, o deputado Marcus Pestana (MG), irrita-se com as insinuações de que o Planalto tenha trabalhado no afastamento de Tasso Jereissati. “Isso é uma coisa ridícula. Foi uma questão interna do partido. Fomos nós que lideramos o impeachment (da presidente Dilma), temos responsabilidade. ” De acordo com o tucano mineiro, seria uma irresponsabilidade e um “oportunismo detestável” o partido tirar uma presidente e virar as costas para o futuro do país. Pestana critica os oposicionistas da legenda. “Os cabeças-branca, hipocritamente, dizem que apoiam o desembarque, mas que vão apoiar as reformas, mas votaram contra a terceirização e são contra a reforma da Previdência. Para nós, não se trata de uma questão de governo Temer, é uma questão da governabilidade”, justificou.