Título: No PT, troca de chantagens
Autor: Juliana Rocha e Rodrigo Camarão
Fonte: Jornal do Brasil, 28/11/2005, País, p. A3

Constrangimento e troca de chantagens marcaram o lançamento da pré-candidatura de Vladimir Palmeira ao governo de estado e a posse da Executiva estadual do PT do Rio. Presente ao ato, sábado, em Niterói, o presidente nacional do partido, Ricardo Berzoini, não escondeu o descontentamento, segundo petistas presentes ao evento, ao saber que o nome indicado para ocupar a secretaria-geral, Renato Ribeiro, estava ameaçado de expulsão do partido, conforme o JB mostrou. Ao perceber o racha num evento que tinha tudo para ser de festa e comemoração, Berzoini iniciou um discurso pedindo unidade no partido no Rio. O presidente do PT também cobrou uma resposta da direção fluminense.

A confusão começou sexta-feira. O petista Lourival Cazula, que havia sido indicado para assumir a cadeira, após apoiar a eleição de Alberto Cantalice, acabou sendo preterido por Renato Ribeiro, ligado à tendência Opção Popular, liderada pelo deputado federal Carlos Santana. De janeiro a agosto, Renato assumiu cargo de secretário da gestão do prefeito de Duque de Caxias Washington Reis (PMDB), aliado do ex-governador Anthony Garotinho.

O PT determinou sua saída, mas Renato, que também era presidente municipal do PT na cidade, não obedeceu. A Executiva indicou sua expulsão por desobediência.

A solução encontrada foi empossar Renato na secretaria-geral, e, na primeira reunião da nova Executiva, quinta-feira, votar sua punição. Lourival Cazula foi remanejado para a secretaria de Organização do PT. Segundo alguns petistas, há consenso de que ele não deve ser expulso e sim suspenso por dois anos.

Na prática, Renato ficaria menos de uma semana no cargo. A Opção Popular, responsável pela sua indicação, reagiu e ameaçou levar para a Comissão de Ética do PT Marcelo Sereno e Manoel Severino, ambos ligados à Articulação e supostamente envolvidos no mensalão. Marcelo Sereno foi assessor especial do ex-ministro José Dirceu. Já Severino renunciou à presidência da Casa da Moeda por ter recebido R$ 2,67 milhões de Marcos Valério.

O revide veio em seguida, com ameaças de também levar a mulher de influente dirigente petista à Comissão de Ética, por irregularidades num fundo de pensão.

Vladimir Palmeira, desdenhou da confusão:

- Não há briga. Há disputa natural. Renato foi eleito. Isso nada tem a ver com a minha candidatura. Foi um arranjo da chapa - disse.