Correio Braziliense, n. 21825, 18/12/2022. Política, p. 2

PSol formaliza apoio a petista no Congresso



Após reunião do Diretório Nacional, o Psol decidiu manter a aliança fechada ainda na corrida presidencial com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e decidiu, ontem, entrar oficialmente para a base do futuro governo no Congresso. Já a participação no governo, ocupando cargos nos escalões decisórios ou em autarquias e estatais, dependerá da posição que o filiado ocupe na estrutura do partido.

Na resolução intitulada PSol com Lula contra o bolsonarismo e pelos direitos do povo brasileiro”, o partido destacou que a eleição do petista foi uma vitória necessária diante dos frequentes ataques à democracia pelo atual presidente e seus apoiadores.

“Diante das ameaças permanentes de golpe, o PSol estará com Lula em defesa da legitimidade do novo governo. Jamais seremos indiferentes aos ataques da direita ao governo. Ao contrário, não pode haver nenhuma dúvida entre o PSol e a oposição de extrema direita. A eleição de Lula foi uma vitória necessária contra o projeto ecocida e autoritário de ataques à democracia, contra a avalanche de perda de direitos e devastação da Amazônia. Mas a extrema direita mostrou ter apoio de setores das classes dominantes, das Forças Armadas, das polícias e até mesmo de setores populares”, salientou o documento.

Uma corrente importante do partido, liderada pela deputada federal Sâmia Bomfim (SP), defendia que o partido não ocupasse cargos no governo para manter a liberdade de crítica e votação no Congresso. Porém, há poucos dias foi enquadrada quando a acusaram de, com essa postura, corre o risco de aliar aos bolsonaristas.

Exceções

A sigla, no entanto, destacou que não reivindicará cargos na gestão Lula, mas abriu exceções. “O PSol apoiará o governo Lula em todas as suas ações de recuperação dos direitos sociais e de interesses populares. Estaremos presentes nas trincheiras do parlamento e nas lutas do povo brasileiro, combatendo a extrema direita e defendendo o governo democraticamente eleito. Mas o PSol não terá cargos na gestão que se inicia. Ainda assim, compreendemos que a indicação de Sonia Guajajara, como liderança do movimento indígena, para o ministério dos povos originários, é uma conquista de extrema importância para uma luta tão atacada por Bolsonaro e deve ser respeitada pelo partido”.

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (SP) também está cotado para ocupar uma posição no primeiro escalão do futuro governo — é cogitado para o Ministério das Cidades. Mas, caso ele seja convidado e aceite, terá de se licenciar da cúpula do partido, conforme prevê a resolução.

 “Destacamos que o PSol preserva sua autonomia de organização e, portanto, os filiados que, no caso de convidados, optem por ocupar funções no governo federal, devem se licenciar dos espaços de direção partidária. A eventual presença nesses espaços não representa participação do Psol”, observa o documento.

Para Juliano Medeiros, presidente nacional do partido, o resultado da reunião foi positivo. “Conseguimos ajustar as diferenças internas no PSol e reafirmar nosso apoio ao governo Lula para reconstruir o Brasil. Ao mesmo tempo, manteremos nossa essência combativa em defesa das políticas de justiça social, ajudando o novo presidente a entregar um país melhor para todos daqui quatro anos”, salientou. (IS)

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