Correio Braziliense, n. 21826, 19/12/2022. Política, p. 8

Lula e Lira negociam para destravar a PEC

Ingrid Soares


A 48 horas da provável votação da PEC da Transição, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, ontem, pela terceira vez, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no hotel onde está hospedado, em Brasília. A conversa entre eles foi no sentido de destravar a tramitação da proposta de emenda constitucional, que enfrenta problemas porque o deputado negocia postos no futuro governo e deseja fechar um acordo que contemple os dois lados. Na semana passada, informações deram conta de que Lira “garantiu” os votos de 150 parlamentares em troca do Ministério da Saúde e do comando do Banco do Nordeste e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

A conversa durou aproximadamente duas horas. Lula, porém, reluta em entregar um ministério de grande capilaridade e orçamento, como o da Saúde, a alguém que não faz parte da frente de partidos que comporá a futura base governista. Isso não quer dizer que Lira ficará com as mãos abanando: o presidente eleito avalia conceder ao deputado as indicações para pastas como Desenvolvimento Regional ou Minas e Energia.

 

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A expectativa é que, em paralelo ao começo da tramitação da PEC da Transição, Lula faça novos anúncios de ministro. Ele deve se reunir hoje com o empresário Pedro Wongtschowski, do Conselho de Administração do Grupo Ultra, cotado para ocupar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Isso porque Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), declinou do convite por não querer se afastar das atividades empresariais — o encontro entre ele e o presidente eleito foi no sábado.

No último dia 7, o Senado aprovou em dois turnos a PEC da Transição, que retira do teto de gastos R$ 145 bilhões para o pagamento do Auxílio Brasil (que voltará ma ser chamado de Bolsa Família a partir de 1º de janeiro de 2023) e do adicional de R$ 150 por criança de até seis anos. Para ser aprovada no Congresso, o texto precisará dos votos de ao menos 308 dos 513 deputados.

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