Correio Braziliense, n. 21826, 19/12/2022. Política, p. 4

Pessoal de menos no MRE



A troca de governo é vista com otimismo pelos servidores da área diplomática. Para o presidente do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty), João Marcelo Melo, a partir da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pode se esperar não apenas a reconstrução da imagem do país junto à comunidade internacional, mas as revitalização do corpo da diplomacia brasileira.

Segundo João Marcelo, há um deficit de 961 servidores no quadro atual do Ministério das Relações Exteriores (MRE) para conseguir implementar a abertura das novas embaixadas e consulados prometidas por Lula. Desses cargos não ocupados, 214 são de oficiais de chancelaria (ofchan) e 747 de auxiliares.

Apesar de o quadro de diplomatas no Itamaraty ter renovação anual garantida, as demais carreiras estão sem concurso desde 2008, para ofchan, e 2015, para auxiliares.

Na administração federal, há mais de 240 mil cargos públicos desocupados, de um total de 730 mil vagas aprovadas por lei, de acordo com o Sinditamaraty.

“Nos últimos 10 anos, houve uma redução de 3,5 mil para pouco mais de 3 mil servidores, entre aposentadorias e pessoal que morreu ou deixou a carreira rumo à iniciativa privada. É um número muito baixo para os 200 postos de representação fora do país”, destaca João Marcelo.

O presidente do Sinditamaraty ressalta, ainda, que falta regulamentar 893 vagas de ofchan, algo que está previsto desde 2012. “Há 10 anos estamos esperando a regulamentação, o que trava, inclusive, as promoções”, lamenta.

Conforme o último levantamento do MRE, realizado em 2021, o total de servidores da pasta era de 3.043 trabalhadores ativos, sendo 1.537 diplomatas, 801 ofchans, 428 assistentes de chancelaria e 277 integrantes de categorias funcionais do ministério.

Desse total, 57,2% estavam, na época, no exterior. “Esses números poderiam mais do que dobrar se houvesse autorização para mais concurso.

Mas as remunerações, devido à falta de reajustes, estão entre as mais baixas entre as carreiras típicas de Estado”, destaca o presidente do Sinditamaraty. (RH)