Correio Braziliense, n. 21828, 21/12/2022. Política, p. 4

Chefe da PRF exonerado; diretor da PF em Madri

Jéssica Andrade


O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi exonerado do cargo. A informação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), na edição desta terça-feira (20/12). Vasques é réu por improbidade administrativa desde o final de novembro por pedir votos para Bolsonaro durante a corrida presidencial. Ele também comandou a corporação durante bloqueios nas estradas no segundo turno das eleições. A portaria foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

Em novembro, o juiz José Arthur Diniz Borges, da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou uma ação movida pelo Ministério Público Federal contra Silvinei Vasques. Com isso, ele se tornou réu por improbidade administrativa.

Segundo a acusação, Silvinei Vasques fez uso indevido do cargo ao, por exemplo, ter pedido votos para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputou a reeleição e foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o documento, houve a “intenção clara” de promover “verdadeira propaganda político-partidária e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais.”

Além disso, um inquérito aberto pela Polícia Federal (PF) investiga blitz da PRF em 30 de outubro, dia do segundo turno da eleição. Naquele domingo, agentes pararam ônibus que faziam transporte gratuito de eleitores. A corporação alega que fiscalizou questões técnicas dos veículos, como condições de pneus.

A conduta de Silvinei é alvo de investigação diante dos bloqueios ilegais de rodovias, promovidos por apoiadores de Bolsonaro. O MPF aponta que há indício de omissão da PRF por motivos políticos.

O presidente Jair Bolsonaro tomou outra decisão além de exonerar Silvinei Vasques. O chefe do Executivo designou o diretor-geral da Polícia Federal Márcio Nunes de Oliveira para o cargo de adido da corporação na Embaixada do Brasil em Madri, por três anos. Quinto delegado a assumir a PF durante o atual governo, em meio a sucessivas crises envolvendo a cúpula da instituição, Márcio Nunes vai substituir na Espanha Delano Cerqueira Bunn.

A portaria, publicada ontem, também é assinada pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, e o chefe do Itamaraty, Carlos Alberto França.