Título: Mercado reage a rumores sobre Palocci
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/11/2005, Economia & Negócios, p. A19

Com especulações sobre saída do ministro da Fazenda, dólar sobe 2,12% e Bovespa cai 0,96%

SÃO PAULO - O aumento da tensão política, com as especulações sobre uma possível saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, ditou o ritmo do mercado ontem. O dólar fechou em alta de 2,12%, encerrando o ciclo de dez quedas, a R$ 2,21. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou com queda de 0,96%, aos 30.218 pontos.

Na movimentação do dólar, contaram também o leilão realizado para compra da moeda no mercado à vista pelo Banco Central e a expectativa de que a autoridade monetária volte a realizar operações de swap cambial reverso do BC.

No momento do anúncio do leilão, o dólar era negociado com alta de 1,89%, a R$ 2,205. Segundo analistas, a instituição aceitou apenas quatro propostas para compra e pagou no máximo R$ 2,204 por dólar.

Na noite da última sexta-feira, o BC informou que poderá realizar leilões de swaps cambiais reversos em qualquer dia da semana, e não mais semanalmente. Nesse tipo de operação, que não é realizada desde março, o BC oferece aos investidores contratos com remuneração atrelada aos juros em troca da variação do câmbio em um determinado período. Ao emitir esses papéis, o BC aquece a demanda por dólares, o que pode barrar novas quedas ou até mesmo elevar a cotação.

Na Bolsa de Valores, o Ibovespa chegou a cair 1,84% ao longo do dia. As bolsas americanas também deram sua contribuição para a queda dos negócios no pregão brasileiro. No horário do fechamento da Bovespa, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, operava perto da estabilidade (+0,04%), enquanto a Bolsa eletrônica Nasdaq recuava 0,12%. Por ser véspera de feriado, o volume financeiro na Bovespa ficou reduzido a R$ 870,121 milhões ontem, bem abaixo da média diária de novembro, de R$ 1,778 bilhão até a última sexta-feira.

Um dos papéis que puxaram a queda do Ibovespa ontem foi a ação ordinária do Banco do Brasil, que teve perdas de 3,75% no dia, apesar do lucro de R$ 1,4 bi anunciado pelo banco no terceiro trimestre, superando os resultados do Bradesco e do Itaú. O BB informou que esse desempenho foi influenciado por um ganho de R$ 565 milhões, referente à devolução de uma cobrança tributária indevida.

O risco Brasil fechou em alta de três pontos centesimais, aos 352 pontos. Para o consultor da Planner Corretora, Nicolas Balafas, o comportamento do mercado reflete a expectativa de que Palocci realmente deixe o cargo. Para ele, a saída do ministro próximo a um ano eleitoral pode significar afrouxamento da política fiscal, o que, para o mercado, ressuscita o temor em relação ao risco de alta da inflação e queda no supérávit primário (economia para pagamento de juros).