Valor Econômico, v. 20, n. 4970, 28/03/2020. Brasil, p. A4

Banco cria linha de crédito de R$ 2 bi para ampliar leitos e equipamentos

Francisco Góes
Bruno Villas Bôas 


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deu detalhes, ontem, da linha de crédito de R$ 2 bilhões para empresas do setor de saúde com o objetivo de ampliar a oferta de leitos emergenciais, materiais e equipamentos médicos e hospitalares no país.

Em apresentação ao vivo ontem pela internet, o presidente do banco, Gustavo Montezano, disse que 30 empresas do setor de saúde foram mapeadas e que a linha setorial vai acelerar o repasse de recursos para enfrentar os efeitos do novo coronavírus.

“O desafio é combater a crise e fomentar o SUS e as instituições médicas com equipamentos.”

O banco detalhou que podem pleitear os créditos as empresas que atuam na montagem de leitos emergenciais; que prestam serviços de saúde; que atuam na produção/comercialização de bens ao setor; ou que pretendam adaptar suas atividades excepcionalmente para fornecer ao setor.

A contratação da linha será feita diretamente com o BNDES, que vai financiar até 100% da operação. O limite de crédito é de R$ 150 milhões por empresa e o valor mínimo por operação, de R$ 10 milhões. Segundo o banco, a constituição de garantias reais poderá ser flexibilizada para operações de até R$ 50 milhões em financiamento.

Com a medida, o BNDES espera que a quantidade de leitos de UTI seja ampliada em 3 mil, o correspondente a 10% da atual disponibilidade. O número de respiradores pulmonares pode crescer em 15 mil, e os monitores, em mais 5 mil unidades. O banco prevê ainda mais 88 milhões de máscaras cirúrgicas.

Montezano também comentou sobre a linha de crédito emergencial de R$ 40 bilhões para pequenas e médias empresas quitarem suas folhas de pagamento durante dois meses. Segundo ele, a linha estará disponível no começo de maio, para pagamento da folha de abril.

“Estamos tentando encurtar esse prazo para poder tentar realizar algum pagamento em abril. Mas o cenário-base hoje é ter a linha disponível no começo de maio.”

Sobre a suspensão do pagamento de financiamentos por seis meses, medida anunciada há uma semana, o banco informou que, em apenas dois dias, 259 clientes solicitaram a paralisação, num total de 425 contratos. Isso significa 15% de todas as empresas que tinham direito à suspensão, no valor de R$ 3,6 bilhões.