O Globo, n. 32546, 15/09/2022. Política, p. 10

Ges­tão da pan­de­mia no cen­tro de crí­ti­cas ao governo

Entrevista: Leila Barros


Candidata pelo PDT, a senadora Leila Barros, ou Leila do Vôlei foi a primeira entrevistada da série com os principais postulantes ao governo do Distrito Federal. Prometeu fazer reforma do sistema de saúde da capital, se vencer, e criticou a conduta do governador Ibaneis Rocha (MDB), que tenta a reeleição, na pandemia. No plano nacional, não revelou quem apoiaria num segundo turno entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas afirmou que seu correligionário na disputa, Ciro Gomes, deveria reavaliar a estratégia de centrar fogo no petista nesta reta final do primeiro turno. E garantiu que não se manterá neutra na etapa final do pleito.

Como analisou a equipe do Fato ou Fake, ferramenta de checagem do Grupo Globo, Leila acertou ao lembrar que parte do primeiro escalão do DF foi presa na pandemia — foram seis integrantes da Secretaria de Saúde, inclusive o titular, Francisco Araújo. Mas errou ao dizer que o governo federal só agiu após a instalação de CPI no Congresso, em abril de 2021: a aquisição das vacinas começou antes.

Pesquisa Ipec divulgada no último dia 6 mostrou que o governador Ibaneis Rocha (MDB) lidera a corrida na capital, com 46%, seguido de Leila e Paulo Octávio (PSD), ambos com 9%.

Fator Bolsonaro

Questionada sobre como seria sua relação com o governo federal caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) vença, visto que seu partido faz oposição a ele, Leila afirmou que manterá diálogo com quem quer que esteja no comando do país:

— Não posso deixar que os meus interesses políticos, a minha visão de mundo, sejam maiores do que os interesses do Distrito Federal.

Em uma avaliação do cenário nacional, Leila avaliou que Ciro deveria repensar os ataques que tem feito a Lula.

— Quem convive com Ciro sabe que ele pode reavaliar essa estratégia — disse ela, garantindo que, se seu correligionário deixar a disputa, vai se posicionar, mesmo que seu partido não o faça. — Certamente, o PDT não vai se furtar de uma decisão. Nesse momento é preciso ter posições firmes em defesa da nossa democracia. Não vou ser neutra.

Saúde

Leila afirmou que pretende acabar com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF), criado para gerir as unidades de saúde como os hospitais de Base e de Santa Maria:

— Vamos extinguir o IGES, além de trazer os órgãos de fiscalização para rever convênios. Houve falhas.

Uma das defensoras da criação da CPI da Covid no Congresso, a senadora exaltou o trabalho da comissão e criticou a maneira como o governador Ibaneis Rocha conduziu o combate à pandemia. Disse que, equivocadamente, ele priorizou a realização de obras.

— Trabalhamos muito na CPI. Aquele momento exigia do Congresso uma reação, principalmente com relação à aquisição das vacinas, porque a gente sabe que o governo só se mexeu depois da comissão — disse. — (No DF) O que eu faria diferente era ter priorizado, de fato, a pandemia: parar tudo, focar na nossa economia, que realmente parou. O governo deveria ter focado na contratação e aquisição de equipamentos e insumos. Parte do primeiro escalão do DF foi presa na pandemia.

Metrô

A candidata defendeu investimentos na expansão do metrô de Brasília, um promessa recorrente dos políticos:

— O Distrito Federal está intransitável. Temos que investir em transporte público de massa. A população cresceu.

Grilagem

Ao abordar políticas de proteção ao meio ambiente, Leila afirmou que governos anteriores se omitiram diante de casos de grilagem, um problema histórico da cidade:

— Estamos sentindo muitos efeitos da irresponsabilidade com relação a fiscalização e proteção de nossas nascentes e nossa reserva ambiental. Se a grilagem cresceu, é porque não houve interesse (em combater) ou se fechou o olho.