Título: Lula: ¿Palocci fica até o fim¿
Autor: Juliana Rocha e Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2005, País, p. A3
Presidente faz a defesa mais contundente do ministro e diz que titular da Fazenda fica até o fim do governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou explicitamente, ontem, o apoio tão esperado nos últimos dias pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, garantindo que ele fica no cargo até o final do mandato, por ser ¿imprescindível¿ para a economia brasileira. ¿ Palocci é imprescindível para o Brasil e para a economia brasileira. As pessoas deveriam ser agradecidas pelo que Palocci fez na economia do País. Ele fica até o fim do governo ¿ ressaltou o presidente.
Lula garantiu, em conversa reservada com empresários, que a política econômica não muda em função das eleições de 2006 e que a meta de superávit primário do próximo ano será cumprida.
Lula participou, em Niterói, da cerimônia de batismo da Plataforma P-50, da Petrobras e, no Rio, da abertura do 25º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex).
O presidente voltou a desconversar quando perguntado se irá concorrer à reeleição. Ele disse que iria pensar no assunto só depois que o Corinthians for campeão brasileiro. Se depender do futebol, a resposta da candidatura do presidente Lula está próxima, já que o time paulista pode conquistar o título neste domingo.
¿ Tem muito chão pela frente. Prefiro esperar o Corinthians ser campeão para depois saber o que vou fazer ¿ disse.
O presidente esteve no Rio um dia depois da divulgação da pesquisa CNT/Sensus, que apontou que Lula atingiu sua pior avaliação desde que assumiu, em janeiro de 2003. Diante de trabalhadores metalúrgicos e da indústria naval, Lula pediu que as pessoas não se preocupem com ¿denuncismos e brigas¿, em alusão às denúncias de corrupção contra o governo.
No evento da tarde, um grupo de militantes do PMDB Jovem exibiram faixas pelo impeachment de Lula ¿ comandados por Clarissa Matheus, filha da governadora Rosinha Matheus e do pré-candidato à Presidência Anthony Garotinho.
¿ Vocês viram aqui na porta do hotel que a campanha já começou. Da parte do governo nós não faremos nenhuma loucura que possa comprometer a estabilidade que conquistamos por causa do processo eleitoral ¿ retrucou o presidente.
Ele garantiu, ainda, que as eleições não irão interferir em suas ações de governo.
¿ Não se preocupem com os denuncismos e brigas. Estejam certos que não haverá nenhum momento em que a eleição me faça mudar a trajetória que nós traçamos para este país. Quando eu ganhei a eleição não pensei no meu mandato. Pensei na geração dos meus filhos e netos ¿ disse o presidente. Momento antes, ele havia enfatizado que o ano de 2006 será ¿muito melhor¿, pois, segundo ele, ¿terá mais emprego¿.
Lula aproveitou para criticar o governo Fernando Henrique Cardoso ¿ sem citar o nome do ex-presidente ¿ pelo apagão de 2001 e afirmou que o Estado jogou na conta dos cidadãos o prejuízo das empresas pelo racionamento de energia, referindo-se ao Seguro Apagão, instituído em 2002. Ele sugeriu, ainda, que as empresas de energia deveriam ter sido processadas pelo racionamento.
¿ O povo brasileiro foi prejudicado porque faltou energia. E o governo jogou nas costas de quem tinha economizado o pagamento do prejuízo que a empresa teve por uma energia que ela nunca ofereceu. Eu poderia processar a empresa que não levou a energia lá em casa e depois o Estado, com muita condolescência, diz para o empresário que ele não deve nada e joga nas nossas costas ¿ disse Lula