Título: General nega genocídio no Haiti
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2005, País, p. A7

Brasileiros são acusados de matar civis

BRASÍLIA - O general do Exército, Augusto Heleno Ribeiro, negou ontem em audiência na Câmara que tenham ocorrido genocídios por parte das tropas de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, comandadas pelo Brasil. Segundo o general, civis foram mortos por gangues em represália por terem passado informações às Forças de Paz. Entretanto, o general admitiu que podem ter ocorrido mortes de civis acidentalmente durante a operação das tropas, na favela Cité Soleil. O Brasil foi acusado por grupos humanitários americanos de ter cometido massacres ou se omitido perante abusos da Polícia haitiana.

- Não tenho dúvida que diante da atitude das gangues de utilizarem mulheres e crianças como escudos para se protegerem, podem ter acontecido efeitos colaterais (morte de civis). Mas se aconteceram, foram mínimos - afirmou o general, acrescentando que não há provas jurídicas contra as tropas e que seria praticamente impossível aos soldados cometer o massacre com tiros na testa das pessoas. Além disso, ele diz que testemunhas da favela negaram que tenha ocorrido o genocídio. Heleno Ribeiro admitiu também que a política haitiana é mal equipada e com qualificação profissional ruim.

O general que esteve no comando no Haiti até setembro deste ano, após concluir o contrato junto a ONU, acrescentou que as denúncias são políticas. Segundo ele, pessoas ligadas a grupos que pregam a volta do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, fizeram a denúncia. Aristide deixou o cargo em fevereiro de 2004 depois de uma sangrenta rebelião e pressão internacional.

De acordo como general, a situação atual do Haiti é de calma. Os focos de violência foram controlados, principal mente na favela Bel Air, restando problemas apenas em Cité Soleil. Para o ministro, há condições de serem reali zadas as eleições no Haiti, previstas para dezembro e janeiro.