Valor Econômico, v. 20, n. 4971, 31/03/2020. Brasil, p. A2

Ministério da Saúde confirma 4.579 casos e 159 óbitos

Murillo Camarotto
Lu Aiko Otta
Rafael Bitencourt


No dia em que o número de óbitos relacionados à covid-19 no Brasil chegou a 159, o governo informou que toda a logística relacionada à entrega dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e de higienização, bem como dos testes para detecção da doença está garantida e funcionará normalmente.

Ontem, o Ministério da Saúde confirmou a contaminação de 4.579 pessoas no território nacional, um crescimento de 7,5% em apenas 24 horas. A maioria dos casos continua na região Sudeste, com o Estado de São Paulo acumulando 1.517 casos e 98 mortes. O Rio de Janeiro vem em seguida, com 657 casos e 18 mortes.

O Ceará é o terceiro Estado em número de casos confirmados, com 372 diagnósticos positivos. Em seguida aparece o Distrito Federal, com 312 casos e a maior concentração de infectados pela covid-19 se considerado o número de doentes por habitante.

A divulgação dos dados foi feita no Palácio do Planalto, que decidiu centralizar as informações sobre a pandemia. Presente ao evento, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse que o governo conseguiu viabilizar a distribuição dos suprimentos aos hospitais, apesar da queda vertiginosa do número de voos disponíveis no país.

Tarcísio disse ainda que definiu com o Ministério da Saúde a estratégia para vacinar todos os caminhoneiros e trabalhadores do setor portuário tão logo a campanha de vacinação contra a gripe atenda os públicos de idosos e profissionais de saúde.

O pleno funcionamento da cadeia de suprimento aos hospitais e UTIs é o fator-chave para o início do afrouxamento das quarentenas país afora, segundo explicou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. De acordo com ele, o abastecimento dos equipamentos é o mais importante entre 12 a 14 condicionantes para que Estados e municípios comecem a autorizar o relaxamento do afastamento social.

“A maioria dessas coisas terá bom andamento ao longo desse mês de abril, mas não me prendo a datas”, disse Mandetta, antes de ressaltar que a população terá que ser muito resiliente no isolamento que será necessário durante todo o período da Páscoa.

Ele citou como exemplo a importância de se ter a garantia de que determinada região do país estará plenamente abastecida com EPIs e respiradores mecânicos. É fundamental, segundo o ministro, assegurar que o suprimento será suficiente para todo o período da epidemia.

O ministro explicou que o planejamento para a reabertura das empresas é baseado em um diálogo permanente com os Estados, que vão informando o grau de evolução na preparação do sistema de saúde. Mandetta disse que o plano é necessário para evitar que uma eventual flexibilização tenha que ser depois revertida para um fechamento total, conhecido como “lockdown”.

Mandetta também falou sobre os 500 mil testes rápidos que estão previstos para chegar amanhã ao país, vindos da China. Esses testes, segundo ele, servem para detectar anticorpos e só podem ser aplicados depois de sete dias de sintomas. Há ainda um segundo teste - a ser feito por laboratórios no sistema drive thru -, que pode ser aplicado no início dos sintomas e servirá para mostrar onde estão os doentes.