Correio Braziliense, n. 21834, 27/12/2022. Política, p. 5 
 
Haddad elogia Simone Tebet
 
Taísa Medeiros 
Raphael Felice 


Ainda sem definição no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem recebido elogios da equipe do primeiro escalão do petista. O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que a emedebista é “muito qualificada” e não vê “dificuldade” em ela assumir o Ministério do Planejamento. 

“É uma política muito qualificada, uma pessoa que sabe trabalhar em equipe, que estava concorrendo à presidência da República com muita respeitabilidade  e não vejo nenhuma dificuldade com relação a isso, muito pelo contrário. Acho que é uma pessoa que somou durante a campanha”, disse o petista, ao deixar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o gabinete da equipe de transição. 

Mais cedo, o político se reuniu com Lula, para discutir a estruturação da pasta.  Ele também se encontrou com alguns dos secretários e ministros já nomeados para receber diagnósticos e avaliar os próximos passos. Ainda restam oito pastas em disputa para os partidos do Centrão que se aliaram ao presidente eleito:  MDB, PSD e União Brasil. 

Hoje, Tebet vai se encontrar com Lula para discutir seu futuro. A senadora já foi cotada para o Ministério da Educação, do Desenvolvimento Social, do Meio Ambiente e agora é um dos prováveis nomes para assumir o Planejamento. 

Segundo interlocutores, o imbróglio em torno do nome de Tebet está relacionado ao fato de que os bancos públicos, hoje sob o guarda-chuva do Ministério da Economia, já têm nomes indicados para seus comandos, e não devem ficar sob liderança do Planejamento — que reúne parcela importante dos recursos da União. 

Perguntado sobre o assunto, Haddad negou qualquer exigência por parte da senadora. “Eu não obtive essa informação que ela tenha pedido bancos públicos. Eu não trabalho com esse espírito, porque isso atrapalha. Ficar levantando hipóteses e dizendo com o que eu concordo e com o que eu discordo não vai ajudar muito”, afirmou. 

O Ministério do Planejamento foi extinto em 2019, no início do governo de Jair Bolsonaro (PL). A função do órgão é planejar a administração governamental, custos, analisar a viabilidade de projetos, controlar orçamentos, liberar fundos para estados e projetos do Executivo. 

Sem definição 

Aos jornalistas, Fernando Haddad revelou que ainda vai tratar de nomeações para a Casa da Moeda, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e a Secretaria de Assuntos Internacionais (Sain). O futuro ministro também afirmou que outras pessoas foram cotadas para assumir o Planejamento, antes de chegarem ao nome de Simone Tebet. 

“Me perguntaram sobre isso, eu participei até semana passada de algumas sondagens. a imprensa chegou a divulgar, porque quando o presidente me solicitou o perfil do ministro do planejamento, eu entendi que a gente deveria sondar ex-governadores que tinham arrumado a casa e tínhamos muitos governadores nessa situação: Rui Costa, Wellington Dias, Camilo Santana, Jorge Vianna e Renan Filho”, disse.