Título: Pauta de votações divide a Câmara
Autor: Eveline de Assis
Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2005, Brasília, p. D3

Governo avisa que fará convocação extraordinária se distritais não votarem projetos que considera essenciais para o DF

A polêmica está criada. Enquanto o governo bate o pé dizendo que é imprescindível a votação de projetos que não são considerados urgentes para a bancada de oposição, a maioria dos parlamentares acha um abuso a convocação extraordinária. O governador Joaquim Roriz afirmou ontem que, se a Câmara Legislativa não votar os projetos do governo, ele poderá fazer a convocação extraordinária. - É um abuso sangrar o erário público para a Casa fazer o que não fez durante o segundo semestre - disse a líder da bancada de oposição, Erika Kokay (PT), garantindo que a bancada de oposição sempre esteve presente em plenário para as votações. A declaração do governador causou mal estar na Casa. A deputada Erika Kokay disse que o Executivo não pode pautar o Legislativo e que isso é uma forma de o governo pressionar os parlamentares a votar. - Vamos analisar a pauta apresentada pelo governo e verificar o que realmente é urgente, prioritário. Alguns projetos não há como votar, como os Planos Diretores (PDL) do Guará e do Gama, que não tiveram discussão com a comunidade e cujos PDLs prevêem a extinção de seus parques, no caso do Guará, com um adensamento de cem mil habitantes, beneficiando a especulação imobiliária. De acordo com a parlamentar, a bancada dos trabalhadores ainda não tem conhecimento da íntegra desses PDLs, que são a vida dessas comunidades. Erika Kokay afirmou que o colégio de líderes havia decidido deixar os PDLs para serem apreciados em fevereiro. Entretanto, a líder do Governo, Anilcéia Machado (PMDB), disse que o governo não abre mão de votá-los ainda este ano. Bastante otimista, o presidente da Casa, Fábio Barcellos disse que até 15 de dezembro a pauta estará limpa e que, se houver necessidade, convocará sessões nas segundas e sextas-feiras também. A líder do PFL, Eliana Pedrosa disse que não há motivo para a convocação, já que para todos os projetos elencados pela líder do governo já há o comprometimento dos líderes para a votação. - Não se pode falar sobre projetos que ainda não chegaram. Está se estudando um acordo para o governo analisar as emendas apresentadas pelos parlamentares aos seus projetos - disse Eliana. A deputada Ivelise Longhi (PMDB) garantiu que os deputados estão dispostos a fazer um esforço, nem que seja à noite, para limpar a pauta de votações, a fim de evitar a convocação. - Além disso, os projetos do governo são importantes para melhorar a máquina administrativa - disse Ivelise, que acredita que a Câmara tem mostrado o papel para o qual foi criada e que não vai ser uma convocação extraordinária que vai estragar sua imagem.