Título: PT põe dissidentes na mira
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2005, Brasília, p. D3

Dirigente quer punir todos os que ameaçaram publicamente deixar o partido

Os petistas que pensaram em deixar o partido ganharam vão enfrentar uma situação desagradável. Na reunião da Executiva regional do partido na noite de ontem, o secretário de Organização, Marcelo Pires, prometia apresentar um documento pedindo ao partido que não apóie os pré-candidatos que tornaram pública a vontade de deixar a legenda este ano. Caso seja acatada pela cúpula petista, a proposta prejudicaria os planos eleitorais do deputados distrital Chico Floresta, pré-candidato ao governo do Distrito Federal, e de Vilmar Lacerda, ex-presidente do PT-DF e atual secretário de assuntos do entorno, possível candidato à Câmara Federal ou ao Legislativo Distrital . A Executiva não pode deliberar sobre o assunto e, portanto, a decisão ficará a cargo dos participantes do encontro regional marcado para março do próximo ano. Pires defende que aqueles que tentaram deixar o partido não devem nem mesmo permanecer nos cargos de liderança no PT. - Quem quis sair do partido, e tornou isso público não deveria nem mesmo estar na direção do partido. Já defendi, inclusive, que eles [Lacerda e Hélio José]renunciassem ao cargo antes do PED [Processo de Eleições Diretas]- argumenta Pires. O secretário petista apóia-se na militância para justificar sua proposta. Segundo ele, a base eleitoral do partido não apóia a candidatura daqueles que especularam sair da legenda. - O sentimento da militância é de mágoa por aqueles que saíram - afirma Pires, se referindo ao senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que deixou o partido e, segundo Pires, tentou levar outros petistas com ele. De acordo com o secretário, a debandada dos políticos petistas não provocou baixa na lista de filiados. Segundo ele, a saída da deputada federal Maninha para o PSol tirou entre 40 e 50 filiados do PT. Pires não descarta a hipótese de alguns dos candidatos terem permanecido no partido como forma de atrapalhar a candidatura de outros petistas. - Cristovam, quando saiu, não agiu corretamente e ainda fez um carnaval no partido. Ficou um forte sentimento de desconfança dentro do PT - reclama. Da mesma corrente de Geraldo Magela, um dos pré-candidatos ao GDF, Pires não acredita que Chico Floresta tenha autoridade política para se candidatar pois nada garante que ele permanecerá no partido caso seja eleito. - Eles [Floresta e Lacerda]não disseram por que ficaram no partido. Eu acredito que permaneceram no PT porque aqui os projetos eleitorais dele teriam que ser realizados mesmo que a contragosto. Em outra legenda isso seria mais difícil - afirma. Pires ressalta que tanto Lacerda como Floresta decidiram ficar na legenda no último dia permitido por lei para a troca de partido em tempo permitido para a participação do pleito no ano que vem.