O Globo, n. 32553, 22/09/2022. Política, p. 8

Bolsonaro não garante apoio a Romário ao Senado

Alice Cravo
Sérgio Roxo


Embora seja o líder disparado nas pesquisas de intenções de voto para o Senado e divida o partido com o presidente da República, Romário (PL) não tem o apoio garantido de Jair Bolsonaro na disputa. A informação foi dada pelo próprio presidente, em transmissão pela internet na noite de ontem. Em entrevista ao GLOBO anteontem, o senador Romário, que disputa a reeleição, declarou ser “do time de Bolsonaro”.

A deputada federal Clarissa Garotinho (União), concorrente de Romário, tem feito campanha com discurso bolsonarista e tem estado com presidente quando ele vem ao Rio. Já o deputado Daniel Silveira (PTB), também alinhado ao presidente, teve seu registro indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio.

— A disputa pelo Senado está mais ou menos aparelhada lá. Mas a gente espera que o PSOL não vença, o que seria uma tragédia. Então, mais tarde um pouquinho, a gente decide por um nome ao Senado pelo Rio de Janeiro — disse o presidente.

Com um discurso conservador que inclui pautas de costumes na mesma linha defendida por Bolsonaro, Clarissa tem procurado ligar sua imagem à do presidente. Sempre que o chefe do Planalto cumpre agenda no Rio, a deputada divide com ele o palanque. Clarissa esteve ao seu lado, por exemplo, nos eventos do 7 de Setembro ena Mar chapara Jesus, em agosto. Em suas falas, a parlamentar reproduz pautas de Bolsonaro, como questionamentos ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Já Romário tem feito campanha de forma mais independente, e costuma ser alvo de ataques dos apoiadores mais fieis de Bolsonaro nas redes sociais.

Pressão de Paes

A campanha do ex-presidente Lula (PT) cancelou o comício que faria com Marcelo Freixo, candidato do PSB a governador, no domingo na Lapa. A mudança ocorreu após pressão do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), segundo relataram lideranças petistas. Paes já havia marcado para o mesmo dia, na quadra da Portela, em Madureira, um ato com Lula, do qual Freixo está vetado.

O pessebista, então, conseguiu convencer Lula a fazer um segundo comício no Rio. Depois que o evento da Lapa foi divulgado, Paes procurou o PT. Ele temia o esvaziamento de seu comício com Lula, pela manhã.

Procurado, Paes negou ao GLOBO que tenha feito esse pedido ao PT. Horas depois, em seu perfil no Twitter, o prefeito do Rio fez uma convocação para que blocos de carnaval, que organizavam um cortejo até o ato na Lapa de Lula e Freixo, mudem o destino e horário e se dirijam à Portela. “Os blocos tem ques e reunira onde nasce o samba e aonde opovoédos amba! Bora pra Madureira !”, escreveu Paes.

O evento na Lapa contornaria o desconforto com Freixo, que mostrou incômodo com o fato de Lula estar no Rio e não fazer um ato com ele.

Na segunda, antes da mudança, Freixo chegou afalar sobre a agenda do petista no Rio, minimizando a disputa com Paes pela sua presença:

— Acho ótimo (que Paes faça um ato com Lula). E se mais gente quiser fazer é bom porque ajuda o Lula a vencer no primeiro turno. Evidente que não tem cabimento o candidato a governador noa todo prefeito. O Lula vai estar com Paes de manhã. E agente faz o maior comício com Lula à tarde na Lapa.