Correio Braziliense, n. 21835, 28/12/2022. Política, p. 3

Pedido para suspender porte de arma no DF

Henrique Lessa


Após a tentativa de ataque terrorista em Brasília, o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou que a equipe de segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a suspensão do porte de armas no Distrito Federal, com vigência de hoje até um dia após a posse presidencial, marcada para 1º de janeiro.

“O pedido vai ser endereçado ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois entendemos que estamos no âmbito do inquérito sobre atos antidemocráticos, já que o próprio investigado (da tentativa de explosão do caminhão de combustível próximo ao aeroporto de Brasília) declarou motivação política, então consideramos que há conexão dos fatos com a apuração desse inquérito”, afirmou Dino, na sede do gabinete de transição no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB).

Na avaliação de Dino, a medida é um reforço das estratégias de segurança para a posse. “Estamos tomando uma providência adicional”, frisou. Objetivo é que, mesmo pessoas detentoras de autorização de porte, como os caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), por exemplo, sejam impedidas de portar armas no período. “Autorizada a medida que esperamos o deferimento, teremos mais uma camada de proteção, para que as forças policiais, de um modo geral, fiquem autorizadas a apreender armamentos e prender em flagrante quem circular no Distrito Federal portando armamentos”, apontou Dino.

Carro aberto

Na cerimônia de posse, é tradicional que o presidente eleito desfile em carro aberto pela Esplanada dos Ministérios no trajeto da Catedral até o Congresso. O veículo geralmente usado é o Rolls-Royce conversível, adquirido em 1954 pelo então presidente Getúlio Vargas. Rito que pode não acontecer em 2023, tanto por conta do estado de conservação do carro quanto em função das medidas de segurança adicionais que estão sendo estudadas.

Flávio Dino destacou que a análise dos riscos para o presidente eleito é contínua, mas que a Polícia Federal e a organização da posse estão lidando com múltiplas possibilidades. “Estamos com todos os cenários organizados, não só quanto a essa questão (de uso do carro aberto). O planejamento é dinâmico.”

Dino garantiu que Lula terá a opção de um carro fechado (blindado) ou um aberto. A decisão deve ser tomada de última hora, em conjunto com a equipe da segurança. Segundo interlocutores, o presidente eleito insiste em seguir a tradição e a única coisa que poderia demovê-lo seria a chuva. “Lula quer, mas talvez quem decida, no final, seja São Pedro”, disse uma fonte próxima ao petista.

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