Título: Jobim, o candidato
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 25/11/2005, País, p. A3

Apontado como um dos pré-candidatos do PMDB à Presidência da República, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, não é filiado a partido nem pode fazer política, prática que é vedada pela Lei Orgânica da Magistratura. É por isso, entre outros motivos, que não comenta se concorrerá ao Palácio do Planalto ou a outro cargo eletivo em 2006. A conduta é adotada para o público externo. Nos bastidores, Jobim movimenta-se com desenvoltura. Anteontem à noite, logo após a suspensão do julgamento do recurso do deputado José Dirceu (PT-SP), o ministro participou de jantar na residência do líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (PTB-RN). Estavam presentes os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP), o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, e os líderes do governo, do PSDB e do PMDB no Senado - respectivamente, Aloizio Mercadante (PT-SP), Arthur Virgílio (AM) e Ney Suassuna (PB).

À mesa, a tentativa de elaborar uma lista de projetos que receberão tratamento prioritário do Congresso. Temas sempre lembrados pelos parlamentares, como as reformas política e tributária, foram citados. De acordo com Ney Suassuna, Jobim conseguiu convencer os participantes do convescote a dedicar especial atenção também a uma proposta de emenda constitucional dedicada a resolver o passivo em precatórios existente no país.

A proposta é uma iniciativa de Jobim. Trata de um tema espinhoso, mas de forte apelo popular. Se for aprovada, pode levar estados e municípios a pagar uma dívida de R$ 62 bilhões em precatórios, cujos credores são empresários, trabalhadores, aposentados e pensionistas. Ou seja, pode dar a Jobim outra bandeira a ser empunhada em eventual candidatura. A mais importante delas já está definida. O presidente do Supremo tende a se apresentar ao eleitorado, caso sua candidatura seja formalizada, como opção à desacreditada classe política. (D.P.)