Correio Braziliense, n. 21835, 28/12/2022. Política, p. 3

Lula tenta destravar escolha de ministros



A quatro dias da posse, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ainda não conseguiu destravar as negociações políticas para completar a equipe ministerial. Há 16 pastas sem confirmação oficial. O petista tenta equilibrar os interesses do partido dele, as demandas dos aliados e o descontentamento das legendas que ainda não foram contempladas na Esplanada dos Ministérios.

Lula tem adiado anúncios formais dos novos nomes e mantido conversas reservadas com lideranças partidárias. Nos últimos dias, elas envolveram três dos maiores partidos que prometem dar sustentação ao governo no Congresso: MDB, PSD e União Brasil.

O futuro ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou, ontem, que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) aceitou o convite para comandar o Planejamento (leia reportagem na página 6).

“O detalhamento sobre a composição dos 16 ministérios está ainda em discussão com pessoas que o presidente quer convidar, dos vários segmentos, com as bancadas e partidos. Não tem nada definido em relação ao espaço que cada um possa ocupar”, disse Padilha.

O círculo mais próximo de Lula evita citar uma data específica para anúncios e afirma que a discussão com cada partido continua. Há intenção de atrair mais legendas do Centrão, que votaram a favor da pauta de Lula na reta final de 2022. O apoio será “reconhecido”, e interlocutores do presidente eleito garantem que a equipe estará completa para a posse em 1º de janeiro.

“Quero agradecer aos que votaram a favor da PEC do Bolsa Família e já sinalizaram interesse em participar e apoiar o governo. Essa postura dos parlamentares está sendo considerada na montagem final do governo”, declarou Padilha.

Debates internos

Definido o destino de Tebet na Esplanada, o MDB já apresentou nomes ao presidente eleito, mas há debates internos na legenda sobre quem serão “seus ministros”, contemplando indicações das bancadas na Câmara e no Senado. Um deles será o ex-governador de Alagoas e senador eleito Renan Filho — mais cotado para assumir o Ministério dos Transportes.

O segundo, ligado aos deputados, deve ser o indicado para o Ministério das Cidades pelo MDB do Pará, que elegeu nove parlamentares. O clã Barbalho quer emplacar Jader Filho, em vez de José Priante, nome mais forte na bancada.

Nessa disputa, o ex-presidente do Congresso Eunício Oliveira (CE) poderia voltar a ser ministro de Lula para solucionar o impasse, mas ele mesmo, que almeja a Integração Regional, sabe estar no fim da fila.

O ministério, no entanto, vem sendo negociado diretamente com o União Brasil, que reforçou o apoio ao nome do líder da bancada, Elmar Nascimento (BA). Ele era base do governo Bolsonaro e nome de oposição ao PT em seu estado, mas vem negociando com o governo como indicado também do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

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