Título: OIT analisa trabalho infantil
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 25/11/2005, País, p. A6

O Brasil está longe de erradicar o trabalho infantil. A previsão da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é que no ano de 2015 ainda existirão 2,7 milhões de crianças entre 10 e 17 anos trabalhando. Segundo a OIT, o trabalho infantil gera um ciclo de pobreza infinito. Isso porque quando mais cedo as crianças começam a trabalhar, menor será a sua renda quando adultas. Segundo a pesquisa, uma pessoa terá, em média, 35% a mais de renda se não trabalhar entre os nove e os 17 anos, e 85% a mais se iniciar a vida trabalhista a partir dos 18 anos.

Esse ciclo vicioso é resultado da baixa escolaridade, que traz reflexo negativo para a economia. Segundo a OIT, caso eliminasse totalmente o trabalho infantil, inicialmente a renda nacional se reduziria em 1%, mas em 2022 voltaria a subir e alcançaria um incremento de 37%, caso a erradicação ocorresse em 2015.

Os dados revelam que o aumento de renda familiar para até R$ 1,8 mil não reduz a proporção de crianças entre 10 e 17 anos no trabalho, diferente do que ocorre com as de cinco a nove anos. Por isso, a pesquisa conclui que programas como o Bolsa Família e de redução do trabalho infantil surtem mais efeito para a faixa de cinco a nove anos, sem atingir plenamente a de 10 a 17 anos.