O Globo, n. 32558, 27/09/2022. Política, p. 4
Bem posicionado
Marlen Couto
Dimitrius Dantas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega à última semana antes do primeiro turno com a maior vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) medida pela série do Ipec. A pesquisa, encomendada pela TV Globo e divulgada ontem, mostra o petista com 48% das intenções de voto, 17 pontos à frente do atual presidente, que marca 31%. Em 15 de agosto, no início da campanha eleitoral, Lula estava 12 pontos à frente do candidato do PL.
Segundo o Ipec, Lula oscilou um ponto para cima em relação à última pesquisa, quando tinha 47% dos votos. Bolsonaro, por sua vez, se mantém com o mesmo percentual nos últimos quatro levantamentos.
Com o resultado, considerando apenas os votos válidos, sem votos em branco e nulos e os indecisos, Lula atinge 52% do total, o suficiente, no limite da margem de erro, de dois pontos para mais ou menos, para vencer a disputa já no primeiro turno. O índice deve intensificar o foco da campanha do ex-presidente no “voto útil”, principalmente entre eleitores que hoje preferem Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), e em reduzir as abstenções em segmentos decisivos para uma eventual vitória do petista, fenômeno que pode afetar o resultado nas urnas. Já Bolsonaro terá o desafio de levar a eleição para um segundo turno.
Enquanto busca conter uma possível migração de votos, Ciro oscilou um ponto para baixo e tem 6% de preferência do eleitorado.
Já Tebet manteve os mesmos 5%. Apesar de no quadro geral 83% dos eleitores afirmarem estar decididos sobre o voto para presidente, os apoiadores dos candidatos da chamada terceira via se mostram menos convictos no voto: menos da metade afirma que a escolha é definitiva, contra 90% entre os de Lula e 87% entre os de Bolsonaro.
As rejeições aos candidatos ficaram estáveis, na comparação com o levantamento anterior. Entre os eleitores, 51% não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro, um ponto a mais que no último levantamento. No início da campanha, esse índice era de 46%. Já o ex-presidente Lula é rejeitado por 35%. O percentual é dois pontos maior que o contabilizado na última pesquisa, variação dentro da margem de erro.
Sem mudança
A estabilidade na avaliação positiva e negativa do governo de Bolsonaro é outro sinal de alerta para a campanha do presidente na reta final. Entre os entrevistados, os mesmos 47% consideram sua gestão como ruim ou péssima, e 29% a definem como ótima ou boa (eram 30%). Os que avaliam o governo como regular são os mesmos 22%.
Em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o Ipec aponta outro cenário sem alterações: o petista tem 54% dos votos, contra 35% do atual presidente. O placar é o mesmo da pesquisa anterior.
Os recortes da pesquisa revelam mudanças em alguns estratos. No Sudeste, Lula oscilou dois pontos para cima e marca 45%. Já Bolsonaro variou um ponto e agora tem 33% dos votos na região. No Sul, os dois candidatos oscilaram para baixo e seguem empatados. Bolsonaro tem 38% e Lula soma 35%. Já Tebet passou de 5% para 7% e aparece numericamente à frente de Ciro Gomes, que tem 6%.
No Nordeste, Lula mantém ampla vantagem, com 62% das intenções de voto, contra 23% de Bolsonaro, que subiu cinco pontos. No Norte e Centro-Oeste, o atual presidente oscilou para baixo. O petista se manteve com 42%, enquanto Bolsonaro variou de 38% para 36%.
O atual presidente avançou três pontos no segmento com menor renda do eleitorado. No grupo com renda familiar de até um salário, Bolsonaro agora tem 23%, percentual ainda distante de Lula, que chega a 57%. Na faixa de renda seguinte, acima de um a dois salários, Lula oscilou de 51% para 53%. Já Bolsonaro passou de 27% para 29%.
Entre os sexos, as oscilações ocorreram dentro da margem de erro. Lula tem 51% entre as mulheres, ante 50% na pesquisa anterior, enquanto Bolsonaro oscilou de 27% para 26%. Entre os homens, Lula segue com 45% e Bolsonaro passou de 35% para 37%.
O candidato do PL segue à frente entre evangélicos, agora com 50% dos votos (eram 48% na pesquisa anterior), maior percentual alcançado até o momento, segundo o Ipec. Nesse segmento, Lula variou de 32% para 29%. O petista se mantém à frente entre católicos, agora com o maior índice da série do instituto (54% a 27%).
A pesquisa Ipec ouviu 3.008 eleitores entre os dias 25 e 26 de setembro em 183 municípios brasileiros. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-01640/2022.