Título: Israel reage com desprezo
Autor: Arthur Ituassu
Fonte: Jornal do Brasil, 12/11/2004, Internacional, p. A9
Enquanto os palestinos lamentavam a morte de Yasser Arafat, visto como o símbolo de luta e resistência, os israelenses mostravam desprezo pelo homem que chamam de o ''mestre do terror'' e que culpam pela morte de centenas de judeus.
- Acho que nem o inferno o aceitaria - disse Moti Cohen, que perdeu um amigo em um atentado a bomba.
- Sinto-me feliz - afirmou Moshe, atendente de uma loja em Jerusalém. - Ele inventou o terrorismo e pensou que, pela violência, fosse conseguir o que queria. Não conseguiu.
O governo de Israel não divulgou declaração de condolências e o primeiro-ministro Ariel Sharon não mencionou o nome de Arafat ao afirmar que os ''últimos acontecimentos'' poderiam significar uma grande mudança na região.
- Eu o odiava por causa da morte de milhares de israelenses, por evitar os acordos de paz - disse o ministro da Justiça, Yosef Lapid. - É bom que tenha partido, que tenha deixado o mundo e o Oriente Médio.
O líder do Partido Trabalhista, Shimon Peres, que dividiu o Nobel da Paz com Arafat e com o premiê Yitzhak Rabin, também fez críticas.
- Ele deveria ter agido contra o terror - afirmou Peres. - Mas desejava ganhar a boa vontade do povo palestino, queria ser popular - completou.
A polícia israelense deteve quatro radicais que saíram por Jerusalém comemorando a morte de Arafat. Os detidos são do movimento ilegal Kach, que convocou um churrasco na praça Paris para celebrar o ocorrido. Um grupo de cerca de 200 radicais israelenses chegou com churrasqueiras, bebidas e violões até a praça, onde dançaram e festejaram a morte do líder palestino.