Correio Braziliense, n. 21840, 02/01/2023. Política, p. 7

Portas reabertas ao mundo

Ândrea Malcher
Francisco Arthur
Rafaela Gonçalves
Rodrigo Craveiro


Forte esquema de segurança, reuniões bilaterais e uma recepção no Itamaraty marcaram a reabertura do Brasil ao mundo. A posse de Luiz Inácio Lula da Silva contou com 18 chefes de Estado e 54 delegações internacionais, além dos ex-presidentes uruguaio José Pepe Mujica e boliviano Evo Morales. Entre os líderes, estavam os presidentes Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), Alberto Fernández (Argentina), José Ramos Horta (Timor Leste), Frank-Walter Steinmeier (Alemanha), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Luis Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Mario Abdo Benítez (Paraguai) e Luis Lacalle Pou (Uruguai). A Espanha foi representada pelo rei Felipe VI e Cuba pelo vice-presidente, Salvador Valdes Mesa.

O venezuelano Nicolás Maduro não veio a Brasília e enviou o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez. Ao fim da solenidade no Congresso Nacional, Marcelo Rebelo de Sousa mereceu uma deferência por parte de Rodrigo Pacheco. O Presidente do Senado lembrou que ele “representa a pátria-mãe, Portugal”. “Muito nos honra”, comentou. Em conversa com jornalistas, o português elogiou a nova política externa brasileira e revelou o que pretende discutir com Lula, na reunião marcada para as 12h de hoje. “Vamos falar sobre a ida dele a Lisboa, que deve ocorrer no primeiro semestre; as relações a nível de chanceleres; as relações econômicas, políticas, sociais e financeiras. O presidente Lula definiu muito bem o papel do Brasil no mundo. O multilateralismo é fundamental”, disse Sousa. No sábado, o lusitano foi fotografado nadando no Lago Paranoá.

Enquanto a solenidade prosseguia, o presidente da França, Emmanuel Macron, publicou uma foto no Twitter em que ele e Lula se cumprimentam com um “soquinho”. “Ordem e progresso: o Brasil honra seu lema. Parabéns, caro presidente, caro amigo Lula, por sua posse. Estamos juntos!.” Os EUA estiveram representados por uma delegação presidencial liderada por Deb Haaland, secretária do Departamento do Interior. 

No discurso ante o Congresso, Lula sinalizou o retorno do Brasil ao protagonismo internacional e anunciou a retomada da integração sul-americana, a partir do Mercosul e da revitalização da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). “Poderemos reconstruir o diálogo altivo e ativo com os EUA, a Comunidade Europeia, a China, os países do Oriente e outros atores globais, fortalecendo os BRICS, a cooperação com os países da África e rompendo o isolamento.” No Planalto, ao falar para o povo, o presidente alertou que “é hora de romper com o isolamento e voltar a se relacionar com todos os países do mundo”.

Por telefone, o ministro das Relações Exteriores do Equador, Juan Carlos Holguín, disse ao Correio que as relações entre Quito e Brasília têm um histórico muito positivo. “Nosso governo manifestou ao Brasil o desejo de sempre fortalecermos as relações bilaterais, com a proteção da Amazônia, a cooperação em segurança e o assento no Conselho de Segurança da ONU”, afirmou o chanceler, que acompanhava o presidente Guillermo Lasso. Segundo ele, Lasso saudou Lula e externou a ideia de aprofundarem as relações. Ambos terão uma reunião às 11h de hoje. “Somos otimistas de que a democracia na América Latina seja sempre defendida e se fortaleça”, disse Holguín.

Lula recebeu os cumprimentos das delegações no Salão Leste do Palácio do Planalto. Às 21h, ofereceu aos convidados uma recepção no Itamaraty com um cardápio assinado por chefs de diferentes regiões. No menu, bolinho de feijoada, casquinha de castanha com farofa de licuri, churros de tapioca com vatapá e moqueca de robalo com farofa de castanha do Pará.

Palestinos

O chanceler palestino, Riyad Al Maliki, foi recebido no sábado pelo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Ao Correio, Ibrahim Alzeben, embaixador palestino, contou que o titular do Itamaraty prometeu manter a relação com a Palestina no mesmo status quo das duas gestões anteriores de Lula. Por sua vez, Al Maliki solicitou ao novo governo que eleve a nível de embaixada a representação diplomática brasileira em Ramallah (Cisjordânia).

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