O Globo, n. 32502, 02/08/2022. Política, p. 9

Mara Gabrilli é escolhida Vice de Tebet para o Planalto

Bianca Gomes
Eduardo Gonçalves
Fernanda Trisotto
Gustavo Schmitt


O MDB e o PSDB decidiram ontem que a senadora tucana Mara Gabrilli (SP) será vice da senadora emedebista Simone Tebet (MS) na chapa para a Presidência da República. O martelo foi batido após reunião da executiva dos dois partidos e do Cidadania. No início da tarde, Tebet confirmou que teria uma vice mulher. O anúncio oficial está marcado para hoje.

Além de Gabrilli, outros dois nomes eram cotados para a vaga: a também senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Raque Lyra, que é ex-prefeita de Caruaru e pré-candidata ao governo de Pernambuco. Inicialmente, a preferência da senadora para vice era o senador Tasso Jereissati (CE), que desistiu.

— Quero aqui anunciar para as senhoras e para os senhores que pela primeira vez, provavelmente a primeira vez na história da República do Brasil, nós teremos uma chapa pura para candidata à Presidência da República. A minha vice será mulher — disse ela, sem citar o nome de Gabrilli.

A declaração de Tebet ocorreu em evento com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Além dela, a candidata do PSTU ao Palácio do Planalto, Vera Lúcia, tem como vice uma mulher: Kunã Yporã. As mulheres são a maioria do eleitorado, correspondendo a 52,6%.

O presidente do PSDB nacional, Bruno Araújo, confirmou que a sigla indicou Gabrilli. Pela primeira vez desde sua fundação, o PSDB não lançará um candidato como cabeça de chapa à Presidência da República.

— Oferecemos (o PSDB) o nome da senadora Mara Gabrilli. Esperamos que a candidatura de Simone junto com a Mara Gabrilli seja uma janela aberta para milhões de eleitores brasileiros buscarem uma alternativa. E que possa abrir novo espaço de discussão fora do ambiente de radicalização.

“Mea culpa”

Desde que o senador Tasso se distanciou da campanha de Tebet, por motivos pessoais e também por discordar da estratégia de marketing da senadora, pessoas próximas à emedebista vinham defendendo um nome feminino para a vaga. A avaliação é que duas mulheres em uma mesma chapa tem potencial para chamar a atenção do eleitorado.

Em indireta à ala lulista de seu partido, Tebet defendeu um “mea-culpa” sobre o envolvimento de parlamentares do MDB no escândalo da Petrobras. A senadora fez referência às acusações, na Lava-Jato, de recebimento de R$ 864,5 milhões em propina por políticos do partido no esquema de corrupção na empresa. Os valores seriam contrapartida a apoio político aos governos de Lula.

Na ocasião, foram acusados os senadores Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), os ex-senadores Edison Lobão (MA), Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RO) e José Sarney (AP). Eles sempre negaram as acusações.

— Triste Brasil que, nessa loucura de escolher entre o menos pior, tem que escolher entre o passado que tem escândalos de corrupção do mensalão, que comprou a reeleição, e do petrolão, inclusive envolvendo membros do meu partido. Nós temos que fazer um mea-culpa do petrolão —disse Tebet.