Título: Alencar critica política econômica
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/11/2005, País, p. A3
O vice-presidente da República, José Alencar, disse ontem que o governo Lula não cumpriu as promessas de campanha e ''está perdendo tempo'' para a recuperação da economia. Alencar, em uma crítica indireta ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, também afirmou que a administração orçamentária do país é ''irresponsável''.
- Não é tempo de se praticar qualquer tipo de irresponsabilidade no campo econômico. Pelo contrário, irresponsabilidade é tratar da administração orçamentária da maneira como temos tratado. O Orçamento é altamente deficitário em função de um item, dos juros, que são estratosféricos, despropositados - disse, durante um debate promovido pelo PSB sobre ''alternativas à política econômica''.
Durante seu discurso, Alencar cobrou a redução da taxa de juros e reclamou que o governo ''não fazendo as mudanças indispensáveis''. Ao se referir ao modelo econômico adotado no início do governo, o vice-presidente disse que se tratava de um momento ''circunstancial'', porque ''havia no ar uma ameaça'' de aumento da inflação e era necessário sinalizar que o governo que assumia era responsável.
- A dose tinha de ser cavalar, porque a desconfiança era cavalar em relação ao que aconteceria com o Brasil. Isso explica o que chamo de pacto com o diabo. O diabo é uma figura sobrenatural. Às vezes a imprensa pergunta quem é o diabo? O diabo é o diabo - afirmou.
O vice-presidente também voltou a repetir que ''nosso discurso de campanha não assumiu o poder'', e afirmou que o brasileiro ''é pacato demais''. Na seqüência, arrancou aplausos da platéia ao fazer um trocadilho com um trecho do Hino Nacional.
- Quando era menino a professora brigava comigo porque eu queria mudar a letra do Hino para: desperto e vigilante em solo esplêndido, em lugar de deitado eternamente em berço esplêndido.
Ao encerrar sua fala, Alencar disse ainda que ''deveríamos aprender com os ingleses'' porque ''time is money''.
- Estamos perdendo um grande tempo de recuperação da economia para colocar o Brasil no patamar que lhe pertence no campo social - criticou Alencar.